Estudando o Samba
Por Natan Castro
Em nada se parece a música
de Tom Zé com aquilo que é produzido em termos musicais no Brasil hoje, muito
menos antes. Baiano do sertão de uma cidade chamada Irará, na adolescência Tom
Zé vai com a família para Salvador e inicia o ginásio, logo em seguida começa a
estudar violão e mantém contato com Escola de Música da Universidade Federal da
Bahia. Reza a lenda que caiu como uma luva as informações obtidas lá com os
mestres Walter Stemak e principalmente o dodecafonista Joachim Koellreutter. A forma
de pensar a composição e a interpretação à época teria criado forma depois das
aulas na Escola. Logo depois a convite de Caetano e Gil vai para São Paulo e
participa do cerne do tropicalismo, chega a participar do álbum símbolo do
movimento, ainda em 1968 ganha o IV Festival de Música Popular Brasileira, da
TV Record, com a canção "São Paulo, Meu Amor".
Com a ida de Caetano e Gil
para o exílio Tom Zé estava na turma que ficou no Brasil, porém por produzir
uma música extremamente anticomercial foi aos poucos caindo no ostracismo. Mas a
produção de álbuns sempre na mesma linha iconoclástica continuou a todo vapor criando
clássicos como (Estudando o Samba), (Se o acaso é chorar). Foram quase duas
décadas no esquecimento para no final dos anos 1980, quando da passagem do
músico vocalista e mentor da lendária banda nova-iorquina Talking Heads no
Brasil, o mesmo recebeu de um amigo brasileiro um vinil do álbum (Estudando o
Samba) e se mostrou impressionado pelo talento do baiano, logo em seguida saia
nos E.U.A toda a obra de Tom Zé remasterizada em CD. Sucesso de público e
critica através do E.U.A o Brasil redescobre Tom Zé. Dizem alguns que na época
Tom Zé era gerente de um posto de gasolina e havia desistido de continuar com a
carreira, em 1998 Tom Zé lança (Com Defeito de Fabricação) aclamado pelo New York
Times como um dos melhores álbuns do ano. O baiano tem cadeira cativa na
academia brasileira dos artistas Malditos da MPB, por fazer música para se pensar
não importando se será feita com ajuda de violões ou liquidificadores, para Tom
Zé o que importa mesmo é a arte.