Passando pela ponte política
Revejo milhões lameados
Debaixo de prédios de luxo
Na rua entorpecida
Entorpeço-me no semáforo da Cohab
Escuto. O não negativo do dedo polegar
Negando minha vida pequena
No ônibus da Maranhense
Vendo: Jujuba , Halls e Trident
Sem dente rio da desgraça da sorte do camelô na Rua Grande.
Gritando: DVD ! CD! È pirata!
Piro na insanidade quase louca dos casarões da Praia Grande
Pra turista gringo digitalizar
E o sorriso de satisfação revela a lava-racial
Da coreira em transe do Tambor de Crioula.
E, eu menino, moleque, pivete, trombadinha, cheira cola, ladrão - mirim
Dezenas de sinônimos da miséria-capital
Jogo meu corpo meio infantil
No Rio Anil
Pra sonhar com o entorpecente na ponte surreal
Da minha ilha Marginal.
Cris Lima.
Nascer do Sol na ponte José Sarney. Foto de Cris Lima. |