Acordado no meio da noite,
não! Não era madrugada, era noite um
pouco depois de perceber o adormecer de cada integrante de sua família. Esperou
de forma calculista até perceber que ninguém teria mais condições de acordar.
Levantara de um sono leve, porém dolorido da bebedeira que vinha da tarde
insólita, a dor na cabeça disputava centímetro a centímetro, concorrendo à dor
que estava em sua mão, impactada na parede que assistia a perda. O telefone
quebrado narrava o desprezo. Era o fim de uma era que naquele momento parecia o
mundo para um mero mortal.
Levantara vagarosamente sem
fazer barulho. Dirigiu-se à cozinha e procurou água sucumbindo à sede; na sala,
roubou um cigarro da mãe e debruçou na janela contemplando uma cidade que não
era sua. Pensamentos soltos revelavam mais uma vez o fim e mais uma vez a
projeção de outro alguém abraçando e roubando beijos que um dia foram seus.