domingo, junho 26
Uma confissão
Sinto que sou um iconoclasta. Na falta de uma palavra comum uso iconoclasta. Rejeito minhas próprias referências. E ainda digo mais ou menos como o Camus; que nunca me sigas, pois posso te deixar. Ou que nunca fique na minha frente, pois não vou te seguir, mas se caminharmos ao mesmo lado seremos talvez amigos e um aperto de mão.
Diego
A afogada
A deriva, tu te vais
No rio da lembrança
E na margem, logo atrás,
Grito através da distância.
Mas te afastas, lentamente,
E em meu curso desesperado
Te recupero brevemente
No espaço por mim deixado
Te afundas por instantes
Na correnteza severa
Tocando os galhos flutuantes
Tu hesita e me espera
E com a face escondida
No vestido sem vaidade
Temendo que seja percebida
E a vergonha e a saudade
Não passas de um barco em pedaços
Cadela jogada ao longo das águas
Mas permaneço teu escravo
E mergulho em tuas mágoas
Quando se finda a memória
E o oceano do esquecer
Despedaça nossa vida e história
Sem que possamos nos reaver
Livre adaptação de La Noyée, de Serge Gainsbourg
Por Igor Nascimento
Assinar:
Postagens (Atom)