Por Luciene Galvão*
Eis a frase enunciada pela presidente Dilma Roussef para justificar o motivo pelo qual o vídeo que compõe o kit anti-homofobia é inadequado para ser trabalhado nas escolas brasileiras. O que fica subentendido é que adequado é engolirmos a noção de que somos todos iguais e, portanto, temos os mesmos comportamentos, desejos e prazeres. Apropriado é o silenciamento institucional diante de tanta agressão e discriminação. E mais adequado ainda é viver em um Estado laico e ver as discussões nessa esfera (alguém se lembra da discussão sobre o aborto na época das eleições?) serem submetidas ao crivo religioso e das barganhas políticas.
Ainda achamos que o mais importante é discutir quem é melhor remunerado no mercado de trabalho? Quem lava louça, arruma a casa ou cuida das crianças? Quem fica por cima na hora H? O sexo é somente aquilo que temos entre as pernas e que define lugares? O que acontece se ele for uma forma de criar nossos corpos? De dar sentido e coerência a eles?
Se assim for, gostaria muito de discutir a quem não é permitido sequer ser homem ou mulher. Vamos falar sobre as pessoas (e com as pessoas) que buscam construir seus corpos diariamente para serem vistas como mais humanas. Delas (e com elas) que se tornam “invisíveis” e sem direitos para a educação, a saúde, a assistência social... e a maioria de nossas políticas públicas. E nos questionar o que nos leva a achar que vaginas e pênis decidem, por nós, sobre como devemos ser e a quem devemos amar. E não aceito propaganda de opções sexuais!
*Formada em psicologia pela UFMA.