Dia
05 de agosto foi marcado por uma grande tragédia no campus da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) com a morte do estudante universitário que estudava
na instituição, Kelvin Rodrigues, nesse mesmo dia estava acontecendo dois
eventos acadêmico na universidade.
O da
juventude conservadora que estava sendo realizado no auditório central da
universidade, e outra no Centro de Ciências Humanas (CCH) com a denominação de
“porra louca” organizado por estudantes e professores, esses eventos além do
cunho acadêmico, tinha também o caráter político e ideológico.
Os
conservadores pregavam os valores da família, do cristianismo, da lei e da
ordem, enquanto os “porra louca” estavam discutindo assuntos como escola sem
partido, redução do repasse de verbas da universidade e outras pautas que
estavam na agenda.
Tudo
isso foi motivado pela conjuntura política que estamos vivenciando, a ruptura
das regras democráticas e do estado democrático de direito com o golpe
disfarçado de Impeachment que poderá afastar em definitivo a presente da
república que foi eleita legitimamente sem crime algum, pois os crimes na qual
acusam (crime de responsabilidade fiscal que a perícia do senado a inocentou e
o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) pediu arquivamento do
caso) não conseguiram provar.
As
realizações destes eventos foram para demarcar espaço dentro da universidade,
com o golpe em curso no país que o mundo inteiro acompanha e denuncia, e
somente a imprensa das grandes mídias do país negam veementemente, o
conservadorismo tem se alastrado por todo o Brasil, principalmente nas
universidades.
Os
conservadores defendem o golpe abertamente e por trás dos ideais de valores a
família, a igreja, a lei e a ordem, por trás está a pregação do ódio e a luta
pela negação de direitos, como a luta para anular o casamento civil do mesmo
sexo aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), são contrários ao sistema de
cotas sociais e raciais com a alegação da meritocracia, a não criminalização da
homofobia, criminalizar o aborto mesmo em caso de estupro e a gravidez colocar
a vida da mulher em risco, o absurdo estatuto da família que tramita no
congresso nacional orquestrado pelos neoinquisidores (bancada evangélica) e
para piorar, levantam a bandeira do projeto de lei “escola sem partido” que
também tramita no congresso nacional e já foi aprovado pelas assembleias
legislativa dos estados de Alagoas e Paraná, o neoinquisidor Magno Malta,
senador pelo estado de Espírito Santo e um dos líderes da bancada evangélica, é
o autor do projeto.
O
citado projeto visa nada mais e nada menos que amordaçar os professores e
interferir diretamente no seu trabalho em sala de aula, essa lei já está
fazendo vítimas em Alagoas e Paraná, professores afastados da sala de aula e
das suas funções por supostas doutrinação ideológica.
É
nesta conjuntura política e o golpe em curso foram realizados dois eventos no
mesmo dia num mesmo espaço com a distância de poucos metros na Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), eu imaginei que haveria provocações, xingamentos,
insultos e até mesmo agressões físicas de ambos os lados, e para o bem de todos
acabou não havendo, e os eventos ocorreram de forma pacifica até a morte do estudante
Kelvin Rodrigues.
E
antes de eu falar do jovem, prezo aqui os meus sentimentos a família que ainda
sente a dor da perda de forma trágica, o que eu comentar a respeito do ocorrido
é baseado em relatos e comentários de pessoas que estavam no evento e viram o
corpo do estudante antes de falecer no local do crime.
O
que eu vou falar já comentei em grupos de WhatsApp que eu participo, para mim a
morte do Kelvin Rodrigues foi premeditada, não acredito em latrocínio, crime
passional e nem mesmo em acerto de contas, mas porque você pensa dessa forma?
Primeiro,
nunca houve crime dessa dimensão de dentro da universidade, posso afirmar isso
pelo meu conhecimento e os 6 anos que estive na graduação por essa instituição
justamente pelo CCH em que sou formado, segundo, sempre houve eventos nas
dependências do campus, principalmente no Centro de Ciências Humanas, e mais
ainda no chamado bloco 6 que foi o local do crime.
Esse
bloco é conhecido por ser um local que os estudantes usam drogas como a maconha
e cocaína e também para namorar, é verdade, mas, entretanto, é usado também
para diversas atividades, dentre elas as culturais que já foi realizado vários
ponches e saraus organizados por centros e diretórios acadêmicos.
Não
há nada de errado a realização de eventos regado a bebida e até mesmo drogas
dentro da universidade, não estou aqui fazendo apologia e defendendo o uso de
bebidas e principalmente de drogas na universidade, que fique bem claro, mas
uma coisa deve ser ressaltada.
Quem
realmente consome drogas dentro da universidade são jovens de classe média,
classe média alta e até mesmo da alta sociedade, muitos jovens de outros
centros como o Centro de Ciências Sociais (CCSO) e Centro de Ciências Biológicas
(CCBS) que ficam os cursos de direito e medicina respectivamente frequentam o
bloco 6 do CCH, sejam para usar drogas ou namorar.
Muitos
dos advogados, médicos, engenheiros, promotores, juízes e outros profissionais
liberais que estão na sociedade, muito deles bem sucedidos, já experimentaram
maconha e cocaína, namoraram nesse bloco hoje tão marginalizado.
Portanto,
não se empolgue e nem dê credibilidade se você ver algum profissional liberal
com ideias conservadoras que preze a família, a moral, os bons costumes, a lei
e a ordem, porque muitos deles tem o passado que não condiz com o discurso, e
temos aí muitos exemplos, só não vou citar nomes porque se trata da privacidade
de cada um, e eu defendo que a privacidade das pessoas sejam inviolável, por
isso eu não condeno quem usa ou já usou drogas, e cada um tem a liberdade de
fazer da sua vida o que bem entende e assume as suas responsabilidades sem
prejudicar ninguém.
Agora
voltando ao assunto do estudante assassinado, reafirmando mais uma vez que na
minha ótica foi um assassinato premeditado, porque um dos fatores que eu
sustento essa tese por ele ser negro e morador da periferia (morava na Vila
Embratel, um dos bairros que fica entorno da UFMA), mais uma vez você com o
vitimismo e mania de perseguição? Sim, você já viu um branco rico ser vítima de
preconceito e ódio? Já viu algum filhinho de papai ser vítima da violência e ou
perder a vida pela sua condição social e cor da pele?
Como
disse anteriormente, nunca houve assassinato nessa dimensão de dentro da universidade,
e ocorre justamente quando estava acontecendo o evento cultural após atividades
dos “porra louca” organizado por estudantes e professores e o assassinato
ocorrido foi a poucos metros do local que estava acontecendo a festa.
Coincidência não?
O
outro fator que eu reforço a tese da morte premeditada, de acordo com os
comentários de pessoas que o conheciam, Kelvin supostamente era homossexual,
não estou aqui discriminando e nem ridicularizando a sua orientação sexual, e
também não há provas concretas a respeito disso, talvez a sua família sequer
sabia da sua condição.
A
suposta homossexualidade da vítima reforça a tese de que ele foi vítima do
ódio, pois relatos de pessoas que viram os seus últimos momentos ainda com
vida, reiteram que os assassinos não levaram nada de seus pertences,
descartando a hipótese do latrocínio (roubo seguido de morte).
Só a
polícia civil pode elucidar esse crime, e se quiser realmente esclarecer para a
sociedade e em especial a comunidade da UFMA, porque as investigações do caso
não convenceram a mim e nem as pessoas que estavam no dia do ocorrido, e
ressalto, o crime de ódio vem aumentando nas universidades.
Um
jovem na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi morto de forma
covarde, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) um estudante foi
agredido brutalmente por um grupo de estudantes da mesma instituição, a ponto
de ficar hospitalizado em virtude das agressões, esses dois fatos citados que
os estudantes foram vítimas, era negro e homossexual e outro indígena que havia
ingressado pelo sistema de cotas respectivamente.
Casos
de agressão verbal e física tem aumentado nas universidades brasileiras,
principalmente envolvendo os pobres, negros, indígenas, homossexuais e
mulheres, justamente em que o conservadorismo vem crescendo nas instituições de
ensino superior, e crimes como racismo, misoginia e a homofobia tem sido decorrente,
fomentando o preconceito, discriminação e a intolerância.
Kelvin
Rodrigues não foi vítima da violência simplesmente, foi escolhido pelo
assassino pra colocar em ação o seu ódio, porque as universidades brasileiras
ainda continua sendo o lugar exclusivamente para a elite branca, pobre e negro
estudar numa universidade pública é considerado um acinte, principalmente para
aqueles que são contrários ao sistema de cotas e defendem a falácia da
meritocracia.
E os
homossexuais tem sido alvo preferencial, casos de agressões e mortes tem
aumentando bastante no país, e mesmo assim os neoinquidores são contra a
criminalização da homofobia por causa das suas convicções religiosas e querem a
todo custo submeter o estado e toda a sociedade aos seus interesses.
E
aproveitando de um fato isolado e premeditado, a reitoria da universidade de
forma autoritária e fascista, assinou o convênio com a Secretaria de Segurança
Pública do Maranhão para a instalação de um quartel e permanência da Polícia
Militar do Maranhão (PMMA) dentro do campus.
Não
houve um diálogo com a comunidade acadêmica, nem mesmo com as entidades como a
Associação dos Professores da UFMA (APRUMA), Sindicato dos Docentes da UFMA
(SINDUFMA), Sindicato dos técnicos administrativos, Diretório Central dos
Estudantes (DCE), Centros e Diretórios acadêmico dos cursos, e muito menos
consultou o Conselho Superior da UFMA (CONSUN).
Natalino
Salgado, ex-reitor, pelo menos consultava o conselho superior, não decidia nada
sem o aval do CONSUN, e a atual reitora, a Nair Portela, se mostrou bem pior
que o antecessor, o assassinato premeditado ocorreu no dia 5 de agosto numa
sexta-feira, e no dia 8 na segunda-feira de forma relâmpago assinou o convenio com
o secretário de segurança pública Jefferson Portela e o comandante geral da
PMMA.
Precisavam
de um defunto para passar por cima de todas as instâncias da universidade? A
própria instituição através da reitoria não teve um mínimo de respeito com o
estudante assassinado por não aguardar o desfecho do ocorrido para poder tomar
medidas mais sensatas sobre a questão da segurança.
Os
que realizaram o evento dos conservadores também foram oportunistas, aproveitaram
o crime trágico e premeditado para promover a passeata dentro da universidade
para pedir policiamento no campus, e de forma covarde e desrespeitosa usaram o
nome do Kelvin como bandeira reivindicatória para clamar por segurança e tentam
responsabilizar os organizadores do evento “porra louca” pelo assassinato do
estudante.
Eu
não sou contra a implantação do sistema de segurança na UFMA, mas sou contra a
entrada e permanência da polícia militar dentro do campus, em vez de assinar o
convenio porque a Vossa Magnifica Reitora Profa. Dra. Nair Portela não cria a
polícia universitária?
Até
os integrantes da PMMA são contra a entrada e permanência da corporação dentro
da universidade, pois sabem que vai acirrar ainda mais o conflito deles com os
estudantes, professores e funcionários, desgastando ainda mais a imagem da
polícia perante a sociedade.
A
reivindicação por mais segurança é antiga, roubos e furtos sempre ocorreram
dentro da UFMA, inclusive brigas motivadas por questões políticas e ideológica,
principalmente em época de eleições para o DCE, centros e diretórios acadêmicos
que estão constantemente lutando pelo poder dessas entidades estudantis, mas
assassinato e da forma como foi com o estudante, nunca.
Sabemos
bem da truculência da polícia militar nos bairros de periferia, em que os
pobres, negros, trabalhadores, pais e mães de família são constantemente
confundidos por bandidos e tratados das formas mais cruéis e humilhantes,
prevalecendo o conceito de que todo morador de bairro pobre e violento é ladrão
e bandido ou no mínimo suspeito e tem alguma ligação com a bandidagem, seja na
amizade, parentesco e/ou acobertar bandido por causa de represália.
Como
a polícia vai agir com os filhinhos de papai ao verem fumando maconha e
cheirando cocaína dentro da universidade? A forma de abordagem será igual como
estão habituados a fazer com os pobres e negros na periferia? A presença da
polícia militar não vai corresponder os anseios na questão da segurança.
Vai
acirrar mais os conflitos dentro da universidade principalmente em proibir a
realização de festas e eventos organizado por estudantes, a universidade não é
lugar de festas e sim para estudar para uns, também não é o espaço de
cerceamento com a presença da força repressora do estado, no caso, a PMMA, pois
a universidade proporciona um espaço para os debates de ideias e a liberdade é
um dos pilares.
A
polícia universitária mais do que nunca é necessária, pois será criada dentro
dos anseios e perspectivas que atendam os interesses exclusivamente da
universidade, com a política de segurança pautada em assegurar o patrimônio da
universidade quanto resguardar a integridade dos que fazem parte dela sem
transgredir os princípios que reinam na universidade, que são a democracia, a
liberdade, igualdade e o respeito.
E
além do mais, a PMMA representa um dos resquícios da ditadura e não se adequou
completamente com o regime democrático ainda vigente, a sua atuação não reflete
com o que se prega dentro da universidade no caráter de formar opiniões e
pensadores críticos.
O
que vai se esperar para comprovar que a presença da polícia na UFMA tende a não
dar certo? Que haja casos de agressões? Prisões de estudantes dentro da
universidade por fumarem maconha ou usar outra droga? A resistência dos
estudantes, professores e funcionários habituados a utilizar os espaços da
universidade para realizar eventos seja de cunho acadêmico, cultural e político
quando forem proibidos e negados? Ou vai aguardar mais um assassinato dentro do
campus, mas envolvendo os policiais?
Sou
contra a presença da polícia militar no campus, mas defendo que se crie a
polícia universitária, e seria bom os estudantes, professores e funcionários
propor a criação de um sistema de segurança exclusivamente para a universidade
sem intervenção externa que atenda os anseios e perspectivas de acordo com a
realidade acadêmica.
Polícia
universitária já!
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