quinta-feira, maio 17

Como Partir sem Olhar para Trás?


E como partir sem olhar para trás? Se sem os pedaços de mim que ficaram, me sinto mutilado. Como partir inteiro aos pedaços?

Ela disse não ter mais certeza. Mas disse que me deixaria ficar por perto. Como não olhar para trás? Se ainda há carinho, quando sei que ainda há amor? 

Talvez só cansaço. Um terrível cansaço. Daqueles que faz nascerem demônios.  Mas ainda assim há ternura na despedida. 

Meu amor chorou. E eu sei as razões. E mesmo assim, fui preservado. Ela me disse que não consegue mais acreditar. E isso me matou. Me matou...


Eu morro hoje. Eu nasço quando. Eu vou mudar de casa, eu vou mudar de vida. Eu comecei meu parto ontem. Eu morri hoje. E como partir sem olhar pra trás?

E como partir sem coração. E como fechar os olhos e esquecer tanta vida? Como fazer meu sol brilhar se não houver mais jardim, onde possam voar o beija-flor e a borboleta?

Eu carrego aqui um fardo. Um coração infartado.  E eu que tive em meus braços a leveza de uma pluma. Como suportar esse coração pesado?

É pesado demais. É um preço muito alto. Todo esforço que eu tiver que fazer, pra mim é troco! Aposto todas as fichas. Vendo até minha alma.

Como eu queria acordar calado. Fotografias, roupas e livros... que triste o trocar em miúdos. Mas meu paletó ficou abraçando o vestido dela. Me diz como partir?

Como silenciar pra sempre, personagens tão singulares? É inacreditável pensar, que não parei a tempo...que não possa haver mais tempo. É inacreditável pensar por esse ponto.

Ela disse: Porque teve que chegar a esse ponto? Eu queria que ela pudesse olhar de onde eu olho. Eu queria que pudesse sentir como eu sinto.

Eu penso em ponto continuando. Em uma nova escola de vida. Um marco na literatura de nossa história. Meu coração, mesmo cativo, é ainda condoreiro.

Quem me dera que palavras fossem suficientes. Quem me dera ter uma máquina do tempo, para que ela veja como ainda pode ser diferente! Para que eu perecesse menos...

Quem dera que ela tenha dúvidas. E que as dúvidas não sejam traidores. E que não nos faça perder tanto bem...

4 comentários:

Anônimo disse...

Mistura de "Eu te amo" com "Trocando em Miúdos" do Chico Buarque. Nem sei se foi proposital, mas gostei!

Parabéns!

Mari Rodrigues

Vanessa Carneiro disse...

Gostei bastante.

happer2mil disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Alex sou suspeito, tudo no teu texto é lírico, instigante e verdadeiro. Gosto bastante.


Natan Castro.