E está fazendo o tremendo sucesso nas ruas da capital maranhense pela sua grandeza e imponência, despertando olhares por onde passa.
Quando
peguei esse ônibus, eu senti algo que há muito tempo não sinto, o prazer enorme
em andar de ônibus, devido a precariedade do sistema de transporte público que
não é exclusivo a capital do Maranhão, mas todas as capitais e grandes cidades
do país, com os veículos superlotados e o transito caótico.
Quando adentrei ao interior do veículo senti um prazer e a emoção tremenda, pensei comigo, como seria bom que o sistema de transporte público eficiente a ponto das pessoas deixar os carros em suas casas e ir para o trabalho, faculdade, casa, escola e qualquer outro lugar de ônibus.
Como
você vê na foto, o ônibus garante conforto e comodidade tanto para os
passageiros quanto ao motorista e o cobrador, e observei que a relação destes
melhorou significativamente no interior do veículo, principalmente o humor e a
auto estima de todos que utiliza o transporte coletivo.
Ao
contrário dos ônibus convencionais em virtude da precariedade do sistema,
conflitos envolvendo motorista, cobradores e os passageiros são constantes, o
mau humor, estresse e a auto estima bem lá embaixo prevalece em todos no
interior dos ônibus, os ônibus convencionais não são culpados que fique bem
claro, a culpa é da prefeitura e dos empresários por essa realidade.
Outro
fator que contribui para a melhora do relacionamento do motorista, cobrador e
passageiro é o fato do motor ficar no lado de fora e não dentro ao lado do
motorista como mostra a foto abaixo:
Infelizmente
a dos ônibus são diferentes, a maioria da frota dos ônibus de São Luís e assim
na maioria das grandes cidades brasileiras, os veículos são com o motor do lado
de dentro, causando vários riscos à saúde do motorista em virtude de passar
horas no volante e ao lado do motor.
Não
há dúvida que umas das causas da precariedade e o desconforto nos coletivos se
deve ao motor ser instalado do lado de dentro, se a temperatura na cidade
estiver acima dos 30 °C e beirar aos 40 °C, imagine no interior do veículo com
a temperatura do motor?
A
relação do motorista, cobrador e passageiro tende ser mais conflituoso com a
baixa do bom humor e a autoestima, e aumentando o nível do estresse de todos ao
longo do trajeto, piorando ainda se o ônibus estiver superlotado e com o
transito completamente congestionado durante horas, atrasando o tempo da viagem
e comprometendo o compromisso das pessoas de chegar ao destino no horário
determinado.
Isto
é uma tortura psicológica para todos que ficam no interior do ônibus, prejudicando
a pessoa emocionalmente, psicologicamente e até espiritualmente as pessoas que
podem ter o rendimento do seu trabalho no seu local de trabalho comprometido,
prejudicar o rendimento intelectual na escola e universidade.
Quem
nunca saiu de casa para o trabalho, escola, universidade ou para qualquer outro
lugar bem vestido, com a roupa engomada e as mulheres bem produzida com a
maquiagem e chegar para esses locais suado, roupa suja, amassado e a maquiagem
borrada?
Todo
mundo que passou por essa situação, teve o mau humor e o estres bem elevado
durante o dia, comprometendo o rendimento no trabalho, no colégio e
universidade e afetando as relações afetivas entre as pessoas.
Não
há dúvida que o transporte e a mobilidade urbana são elementos que garantem a qualidade
de vida das pessoas nas cidades, não é à toa que é o assunto do momento e
bastante discutido em época de eleições principalmente municipais.
Não
haveria dúvida que esses ônibus articulados fossem de fato implantado em São
Luís, especialmente os com ar condicionado, e houvesse a reformulação no
sistema de transporte público, teria adesão enorme de pessoas principalmente os
que tem carro.
E
porque não há melhoria no sistema de transporte coletivo? O sistema de
transporte nas cidades é também uma herança escravocrata, principalmente no
conceito de andar a pé, o historiador Ananias Martins afirma que a elite
ludovicense no séc. XIX quando saia de sua residência para outro lugar, os
mesmos saiam sendo carregados por escravos em redes de luxo chamado de liteiras
ou charretes.
Para
a elite nesse período, colocar os lindos e delicados pés de porcelana no chão
era algo degradante e vergonhoso, pois somente os pobres livres e escravos que
andavam a pé pelas ruas de São Luís, e estes eram vistos como indignos e
desclassificados.
E
hoje em pleno séc. XXI o que vemos são comentários assim: Andar de ônibus ou a
pé coisa de pobre e para pobre. O transporte coletivo é visto como transporte
de pobre, daqueles que não podem ter o próprio meio de transporte, ou seja, o
carro, artigo de luxo, ostentação e ascensão social e financeiro para muitos.
Cidades
brasileiras como São Luís foram planejadas e cresceram de forma excludente e
segregacionista, beneficiando a minoria privilegiada que detém poder político e
econômico, enquanto a maioria foi deslocada compulsoriamente para áreas mais
distantes dos centros e de difícil acesso.
O
crescimento das cidades e a sua mobilidade urbana foi implantada para
beneficiar a uma determinada classe, com a construção de tuneis, viadutos,
pontes e avenidas largas com três faixas no mínimo ou até seis em dois
sentidos, visando facilitar o fluxo de carros de passeio.
As
cidades brasileiras foram feitas para o carro, e não para o pedestre e nem para
o transporte coletivo como ônibus, o pedestre e o usuário do transporte público
sofrem nas grandes cidades por falta de espaços e prioridades em detrimento de
veículos e seus donos.
Enquanto
nas cidades europeias, o pedestre e o transporte coletivo são prioridades, tem
os direitos de ir e vir assegurados e respeitados, não se trata aqui de colocar
o carro como vilão, mas o dono ter opção de deixar o veículo em casa, e sair
para o trabalho, faculdade ou qualquer outro lugar a pé, bicicleta, ônibus e/ou
metrô.
Os
profissionais liberais como advogado, professor, engenheiro, médico, juiz,
executivo e tantos outros que tem o carro, utilizam o transporte público e
deixam o seu carro em casa, e não há constrangimento por parte destas pessoas
em utilizar o transporte público ou ir a pé.
Até
porque quem desenvolveu o sistema de transporte público na Europa foi a
burguesia em ascensão no período renascentista, especialmente no séc. XVI, na
necessidade de realizar o seu deslocamento diário e transportar as suas
mercadorias em virtude dos cavalos não darem mais conta de atender a demanda,
foi criada a carruagem que transportava as pessoas coletivamente de forma
simultânea, que dará origem mais tarde lá no séc. XIX ao surgimento dos
primeiros ônibus.
Como
você pode observar, há conceito de transporte público oposto entre Brasil e a
Europa, enquanto aqui há uma concepção do transporte público ser coisa de pobre
e para pobre, em razão dos mesmos não poderem ter o carro, na Europa o
transporte coletivo é uma necessidade para uma população em geral que está
cansada de utilizar somente o carro como único instrumento de deslocamento.
Aqui
no Brasil ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é considerado uma ascensão
social, e para obter essa carteira é preciso passar por um longo e burocrático
processo, e o valor gasto é exorbitante que desestimula muitos candidatos,
enquanto nos Estados Unidos e na Europa, esse item é considerado obrigatório e
praticamente conjugado com a carteira de identidade.
Nos
Estados Unidos, o imigrante mesmo estando de forma ilegal no país ele pode
obter a
carteira de motorista, pois esse item é obrigatório no país inclusive
para conseguir o emprego, na Europa não é muito diferente para os estrangeiros
mesmo estando de forma ilegal.
No
Brasil, dirigir e ter o próprio carro é um privilégio, enquanto nos países mais
desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e a Europa, dirigir e ter o próprio
carro é uma necessidade, ter o motorista exclusivamente para dirigir o seu
próprio carro e o levar para todos os lugares, isso sim é um privilégio.
Dirigir
carro é cansativo, muitos pensam que é o homem que controla a máquina, mas é a
máquina que controla o homem, eu mesmo falo com experiência própria, estou em
processo de obter a carteira de motorista e durante as aulas de tráfego e a
prova, nem o professor/instrutor e nem o examinador permite que você tire as
mãos do volante para tirar o cisco no olho, se acontecer de o mosquito pousar
em cima do seu olho, eles não permitem que tire a mão do volante se o carro
estiver em movimento.
Em
razão disso, o transporte público nas principais cidades do mundo é eficiente,
seja o ônibus, metrô, bicicleta e/ou a pé, as cidades estão sendo replanejadas
para garantir melhor qualidade de vida ao pedestre, especialmente crianças,
idosos e deficientes.
Calçadas
e ciclovias estão sendo prioridade, enquanto os tuneis, viadutos, pontes,
elevados, avenidas largas e quilométricas foram removidas nas cidades para dar
o lugar aos parques, praças e calçadões, inclusive com o reflorestamento
através de parques botânicos.
E
para ter o motorista particular de forma exclusivo é privilégio para poucos nas
melhores cidades do mundo, resolveram melhorar o sistema de transporte coletivo
nessas cidades, fazendo os profissionais liberais deixar os seus carros em casa
e os imigrantes ao serem empregados, aceitar a maioria dos empregos movida pela
força dos braços, inclusive a de motorista com jornadas de trabalho muita das
vezes exaustiva.
E
por essas e outras é prazeroso andar de ônibus, pois você não se preocupa com
nada e nem obrigações, pois este fica para quem está no volante, você se
comunica melhor com as pessoas, principalmente quem está no seu lado ou
simplesmente ficar na sua e concentrado em seu mundo.
Para
melhor observar as pessoas no lado de fora, observar o céu, o mar e o pôr do
sol, e você esquece do tempo e do percurso, e quando menos espera já está no
destino.
Como
você pode observar na foto abaixo:
As fotos acima eu tirei durante o trajeto no interior do ônibus que eu estava apreciando a paisagem no lado de fora, no momento que o sol estava se pondo resolvi registrar no meu celular.
Melhorar
o transporte público é investir na qualidade de vida nas pessoas, o estresse,
depressão, mau humor e baixa autoestima estão vendo vistas como doenças e caso
de saúde pública, e esses males estão justamente nas grandes cidades.
Porque
estes ônibus articulados de fato não fazem parte do planejamento de transporte
na cidade? Primeiramente estes veículos são caros e consequentemente os custos,
e não é interessante para os empresários sozinhos arcar com o investimento e os
custos.
O
poder público municipal, no caso a Prefeitura de São Luís em certos momentos
demonstra o interesse de melhorar o sistema de transporte, mas o poder da
classe empresarial do setor através do poderoso sindicato patronal, o
Sindicatos das Empresas de Transporte Coletivo de Passageiros (SET) acaba
impedindo as ações.
E
além do mais, há relações estreitas entre a prefeitura através de seus
gestores, ou seja, o prefeito no seu mandato quadrienal e os empresários de
transporte, a categoria durante muitos anos foi representada na Câmara
Municipal de São Luís por vereadores que defendia os interesses da classe no
legislativo municipal.
Durante
as eleições municipais essas relações ficam mais evidente, com o apoio
logístico aos principais candidatos com “doação” de ônibus durante a campanha
para ajudar os carregadores de faixas, cartazes e bandeiras trabalharem nas
vias em toda a cidade.
Toda
vez que os motoristas e cobradores fazem greve por reajuste salarial, os
empresários alegam falta de dinheiro pra conceder o aumento, e o resultado é a
prefeitura conceder o aumento das tarifas para o usuário pagar, para “garantir”
o reajuste dos trabalhadores sem afetar o lucro dos patrões.
O
ônibus com o motor dianteiro para dentro ao lado do motorista é mais barato a o
ônibus com o motor traseiro para fora. Cem por cento (100%) da frota de ônibus
de São Luís são com o motor dianteiro no interior do veículo. Para os
empresários é o investimento mais barato e com os custos bem menores, e a
maioria destes ônibus estão em péssimo estado de conservação e muitos não
passam por manutenção. Interessante não?
O
outro fator que esses ônibus articulado e climatizado não serem investido por
empresários e nem pelo poder público municipal, são atos de depredação cometido
por alguns passageiros, pois a aquisição de um ônibus é caro, e a manutenção
destes custa caro também.
Não
sejamos injustos em culpar somente os empresários e o poder público, ser
honesto e
falar a verdade doa que a doer não fará você mudar os seus princípios
político e ideológico, eu como usuário/passageiro, apreciador/admirador
(busólogo) desses veículos e estudioso/pesquisador do assunto, reconheço que os
passageiros têm a parte da culpa, é pequena a parcela, mas acaba contribuindo
para a precariedade.
Como
você observou nas fotos, isso é um ato de depredação, uns vão achar que isso
não é nada, mas imagine o ônibus todo pichado dos assentos, a parede e o teto?
Veículo ultra confortável e agradou todos os passageiros, ao longo do meu
percurso as demais pessoas estavam fazendo elogios sem limites ao ônibus e as
pessoas acostumas a pegar ônibus desconfortável da sua casa até o trabalho e
vice-versa, se sentiram respeitados e tendo o respeito e a dignidade
assegurado, o de ir e vir com segurança, conforto e comodidade com o menor
tempo possível.
Se o
transporte público fosse de qualidade, não com os ônibus superlotados e tendo a
política da mobilidade urbana que priorize o transporte coletivo e o pedestre,
as pessoas não estariam questionando o preço das tarifas, se pelo menos uma
parte da frota da cidade fosse com os ônibus articulado e climatizado, as
pessoas nem se importariam de pagar a tarifa acima de três reais.
Este
ônibus circulou pelo centro da praça Deodoro até a praça Maria Aragão via rua
Rio Branco sem nenhum problema e transtorno aos demais carros e ônibus, muitos
achavam que este veículo longo e extenso não conseguiria trafegar nesta área, o
mesmo provou a todos que viram inclusive eu o contrário.
E
ressalto que para a implantação deste ônibus, é necessário o planejamento de
mobilidade urbana que priorize pedestres e o transporte coletivo, e esses
veículos deve ter uma via exclusiva para trafegar em que os ônibus
convencionais inclusive não possam circular.
Só
colocar esses ônibus pra circular junto com os ônibus convencionais, carros e
os demais veículos num trânsito caótico que vivemos diariamente, de nada
resolverá o problema. A prefeitura de São Luís e o governo do Maranhão devem
selar a parceira conjunta porque o problema não é somente na capital maranhense,
mas os demais municípios que compõem a região metropolitana: Paço do Lumiar,
Raposa e São José de Ribamar.
E
atinge até os municípios que não fazem parte da ilha e que ficam após o
Estreito dos Mosquitos para quem sai de São Luís para o continente, é caso de
Bacabeira, Itapecuru-Mirim, Matões do Norte, Miranda do Norte, Rosário, Santa
Rita e São Mateus, pois a BR 135 é única via de acesso tanto para quem sai
quanto para quem entra.
A
duplicação dessa BR é extremamente necessária, e mais do que nunca a necessidade
de melhoramento do transporte coletivo semiurbano e intermunicipal nessa região
devido à proximidade com a capital maranhense e o fluxo enorme de pessoas que
todos os dias sai de casa para o trabalho, colégio, faculdade e vice-versa.
Há
pessoas que moram nessas cidades citadas e trabalham em São Luís e vice-versa,
eu falo como prova, viajo toda a semana a trabalho, e vi que eu não sou a única
pessoa a sair de São Luís para trabalhar no interior, e acreditem se quiser, os
ônibus que costumam sair lotado de passageiros na rodoviária são justamente os
que saem as primeiras horas do dia, que começa das quatro horas da manhã até as
10 horas para quem trabalha em cidades mais próximas, as que foram citadas
anteriormente.
Construção
de viadutos, pontes, túneis, elevados, vias expressas e outras obras faraônicas
não melhorarão a médio e longo prazo o problema do transito de São Luís, para
melhorar o problema do trânsito é melhorar o transporte coletivo com a
implantação de metrôs, Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e os ônibus
articulados como esse nas fotos que foram mostrados ao longo deste artigo, e
renovar toda a frota dos ônibus convencionais com o motor traseiro que fica
para fora e não no interior do veículo ao lado do motorista, e nem é necessariamente
que toda a frota seja climatizada (ar condicionado) se os mesmo não ficarem em
condições superlotados, causando desconforto aos passageiros.
E os passageiros que utiliza o ônibus todos os dias, deve tomar consciência que o mesmo é a sua condução e deve zelar por aquilo que utiliza, porque os empresários não andam de ônibus, e os mesmos têm esses veículos apenas como instrumento para obter lucro, e o eventual dano a esses ônibus, o empresário não vai tirar do próprio bolso principalmente dos lucros para arcar os danos.
E alguém terá que pagar/arcar por esse dano. Você acha mesmo que o aumento da tarifa é causado somente pelo aumento dos combustíveis e “garantir” o reajuste salarial dos trabalhadores? Portanto, é necessário ao passageiro se conscientizar em que os ônibus ele utiliza diariamente, deve ser preservado e zelado para os veículos circularem por mais tempo e garantindo o mínimo de conforto.
E
outro detalhe eu estava esquecendo de colocar no artigo, para quem achava que
São Luís nunca teve ônibus articulado circulando pela cidade, está meramente
equivocado, falo isso porque o velho discurso que durante anos foi alimentado
em que a capital dos azulejos não teria condições de implantar o metrô por ser
uma ilha e ônibus longos e extensos (articulado/sanfona) por causas das ruas
estreitas.
Todos
esses discursos caíram por terra, a prova disso é a foto abaixo:
Este
ônibus na foto pertenceu a Taguatinga Turismo (Taguatur), e tinha três desse
mesmo modelo, e circulou nas ruas de São Luís provavelmente na segunda metade
da década de 1970 até a primeira metade da década de 1980, eu mesmo imaginava
que a cidade nunca tivesse os ônibus desses, pois eu nasci em 1981, e
praticamente não tenho recordações, se eu tiver é vagamente.
Através
de um amigo que também é busólogo na época que eu estava desenvolvendo a minha
monografia, ele me confirmou de forma categórica e me passou essa foto para
comprovar, e quando estes veículos saíram de circulação, alegaram que os mesmos
não tinham condições de rodar na cidade por falta de infraestrutura e ruas
estreitas nas vias, que dificultava o tráfego.
E
esse discurso pendura até os dias de hoje, e os próprios empresários do setor
reforçam esse discurso porque os mesmos não demonstram interesse de fazer o
investimento de melhorias no sistema de transporte coletivo sem a participação
do poder público, principalmente da prefeitura municipal de São Luís.
E
aos donos/proprietários de carros que você não falou ao longo desse artigo? Pra
deixar bem claro, eu não sou contra o carro, nem os que tem e muito menos os
querem ter o carro um dia, até porque eu mesmo estou no processo de obter a
carteira de motorista do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN-MA), e penso
em ter o carro próprio um dia.
Assim
como muitos, eu já estou cansado de pegar ônibus superlotados em São Luís
principalmente em horário de pico, e sem contar a insegurança devido a
constantes assaltos que vitima passageiros, motoristas e cobradores
diariamente, e o policiamento não é suficiente para conter os constantes
assaltos.
Mas
aumento acelerado de carros nas cidades em parte não é um bom sinal porque não
há mais vias para comportar tantos veículos, e os carros involuntariamente
acabam congestionando o trânsito, e não os ônibus como a maioria pensam, São
Luís tem uma frota de mil ônibus enquanto o carro são mais de 300 mil. Quem
engarrafa/congestiona o trânsito?
Construção
de avenidas, pontes, túneis, viadutos, vias expressas e elevados não melhorará
em definitivo o problema no trânsito e transporte em São Luís ou qualquer outra
cidade do Brasil e do mundo, tem que investir no transporte público,
priorizando o pedestre e o transporte coletivo.
Ter
o carro é o sonho de consumo para muita gente, inclusive a mim, é visto como
uma
conquista e ascensão social, mas que custa caro, e ainda mais com os
últimos aumentos dos combustíveis, ficou mais caro ao sair de casa para o
trabalho e vice-versa de carro durante a semana.
As
pessoas ficam presas no trânsito engarrafado em média 10 minutos dependendo do
horário de pico que pode passar mais de 30 minutos, devido a essa realidade, as
pessoas passam mais de duas horas presas no trânsito, os que estão em seu
carro, está com o ar condicionado ligado e ouvindo a boa música para conter o
estresse e fugir do calor principalmente durante o dia.
Entretanto,
o carro parado com ar condicionado ligado consome a gasolina bem mais ao carro
em movimento, quanto mais tempo parado estiver, maior o consumo se deixar
ligado o condicionador de ar, partindo desse cálculo, os donos estão abastecendo
o seu veículo para ficar mais tempo parado no trânsito do que rodando para os
lugares de destino e chegar em menor tempo possível.
É
como se você tivesse o carro, mas fica impedindo de andar com ele em toda
cidade no conforto e menor tempo sem depender do transporte público, causando
mais despesas para o dono sem usufruir devidamente.
E
justamente quem está vivendo essa realidade são aqueles que passaram boa parte
da vida dependendo do transporte público e ao realizar o sonho de ter o carro,
está vendo o tão caro manter o veículo com o trânsito em que não há mais lugar
para trafegar e sequer para estacionar, e quando há vaga é o preço caríssimo e
rezar para o flanelinha vigiar bem o seu carro e não danificar o seu veículo
com arranhões caso se negue a pagar.
Ter
carro é uma necessidade, mas ter carro com o motorista particular de forma
exclusiva é para poucos, não é à toa que grandes empresários, pessoas das mais
alta sociedade só anda de carro com o motorista, sendo que o dono fica no banco
traseiro e não na frente ao lado do motorista.
Por
isso que o jornalista e colunista social Pergentino Holanda criticou a atitude
do governador Flávio Dino ao sentar no banco do passageiro ao lado do
motorista, porque para o jornalista, o governador quebrou o protocolo ao sentar
ao lado do condutor em vez de sentar no banco de trás, para a etiqueta refinada
desses jornalistas que bajulam a alta sociedade, o chefe de estado não deve
ficar no mesmo lugar que fica o empregado.
Não
é a toa que as autoridades do poder executivo, legislativo e judiciário tem
carro oficial com direito a motorista e combustível a vontade para abastecer,
tudo isso com nosso dinheiro. Não seria justo que eles andassem de carro, a pé
ou de ônibus? Pra eles, não dirigir e ter alguém o conduza é um privilégio que
não se abre mão.
Por
essas e outras eu afirmo, é prazeroso sim andar de ônibus se fosse o sistema de
transporte público eficiente, mas a herança escravocrata está presente nas
relações sociais e humanas no sistema de trânsito e transporte, e andar de
ônibus ou a pé é pra pobre e ultrajante.
Um comentário:
Eu andei nesse safonado com meu pai. Saímos só pra andar no ônibus. Eu tinha 5 anos, então foi por volta de 1989. Isso lá perto do ceprama, anel viário.
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