terça-feira, julho 30
Navegante
navegante
a noite
nos olhos
e uma lâmpada
tentando iluminar
a escada duma
enorme caixa d'água
na beira da estrada
os pés no chão
e uma vontade irreprimível
de partir
um caminhar desdenhado de tudo
um sorriso-escudo
um sorriso que abre caminho
me poupa
de perguntas irrespondíveis
um desconhecido
que me aperta a mão
e me empresta o fogo
os sorrisos anêmicos
e aéreos das virgens
e os contidos e desajeitados
das interioranas
enquanto uma
sensação de finitude
toma conta
toda vez
que me vêm à cabeça
as imagens
de seus rostos felizes
como se me dissessem
para guardar segredo
e não pensar nisso agora
não pensar no quão pesado
é o nosso fado
fragilidade esvoaçante
olhos que estampam abismos
molhados
redemoinhos transbordam
a garganta
como uma agonia
uma irremediável vontade
de contemplação
meu último cigarro
um sorriso de volta
compactuando silenciosamente
ninguém precisa saber
é sempre um naufrágio
que nos espera.
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