Por Maria Ligia Ueno
O meu coração é como um desses relógios velhos,
cheio de engrenagens interligadas que só funcionam em conjunto. Por isso digo
que não adianta roubar umas poucas delas, só poucas não fazem meu coração
bater. Mas o fazem parar. E quando ele para minha vida perde a cor, sem sangue
bombeado para alimentar os olhos, nem as pernas para andar e olhar em outras
direções.
Mas como um velho relojoeiro, conserto o coração, invento novas engrenagens, gambiarro as interligações, e ponho tudo a perder de novo. Coração batendo, vida seguindo, lágrimas rolando. E assim meus passos seguem, robotizados, afinados e sintetizados por um coração cheio de engrenagens.
O coração cantarola sua música enferrujada, rangendo sua amargura e entoando seu triste canto por todos os cômodos que entra. A presença de tal ruído assusta num primeiro momento, depois desanima todos os seus expectadores e os transporta a um estado de plena compaixão e melancolia.
Pobre coração, esse meu. Todo reinventado para continuar batendo, todo cheio de peças não-originais, fora de seu modelo e que não encaixam tão bem. Todo remendado, costurado, superbondado para ficar inteiro, parece uma dessas obras de arte feitas com cascas de ovo, que se encaixam, mas não estão mais contínuas. Ah sim, porque hoje eu estou cheio analogias, e de neologismos, mas tudo tem sua razão. Por hoje minha voz foi cortada sorrateiramente, e tudo que é importante para mim se tornou seu gole amargo de café frio.
E nisso minha mente constrói grandes pontes e arranha-céus, tentando olhar de longe e de cima, de uma nova perspectiva para entender o que se passa com esse coração. E minha mente é um helicóptero, um mosquito grande e audaz, que é capaz de parar no ar, voar para onde quiser e pousar em quase qualquer lugar.
Mas como um velho relojoeiro, conserto o coração, invento novas engrenagens, gambiarro as interligações, e ponho tudo a perder de novo. Coração batendo, vida seguindo, lágrimas rolando. E assim meus passos seguem, robotizados, afinados e sintetizados por um coração cheio de engrenagens.
O coração cantarola sua música enferrujada, rangendo sua amargura e entoando seu triste canto por todos os cômodos que entra. A presença de tal ruído assusta num primeiro momento, depois desanima todos os seus expectadores e os transporta a um estado de plena compaixão e melancolia.
Pobre coração, esse meu. Todo reinventado para continuar batendo, todo cheio de peças não-originais, fora de seu modelo e que não encaixam tão bem. Todo remendado, costurado, superbondado para ficar inteiro, parece uma dessas obras de arte feitas com cascas de ovo, que se encaixam, mas não estão mais contínuas. Ah sim, porque hoje eu estou cheio analogias, e de neologismos, mas tudo tem sua razão. Por hoje minha voz foi cortada sorrateiramente, e tudo que é importante para mim se tornou seu gole amargo de café frio.
E nisso minha mente constrói grandes pontes e arranha-céus, tentando olhar de longe e de cima, de uma nova perspectiva para entender o que se passa com esse coração. E minha mente é um helicóptero, um mosquito grande e audaz, que é capaz de parar no ar, voar para onde quiser e pousar em quase qualquer lugar.
Minha mente é
um helicóptero de guerra, armada, com metas e objetivos, bombas e soldados.
Minha mente é feita para a guerra.
Mas não qualquer guerra, mas a guerra de pensamentos, de argumentos, de encanamentos e de chamamentos. E eu perco, perco mais e mais. Batalhas e mais batalhas perdidas, mesmo as ganhas. Porque não sinto que as ganhei. Talvez nem queira sentir o sabor da vitória da guerra , ou talvez já senti e não gostei. Não sei.
Mas não qualquer guerra, mas a guerra de pensamentos, de argumentos, de encanamentos e de chamamentos. E eu perco, perco mais e mais. Batalhas e mais batalhas perdidas, mesmo as ganhas. Porque não sinto que as ganhei. Talvez nem queira sentir o sabor da vitória da guerra , ou talvez já senti e não gostei. Não sei.
É essa a guerra entre a mente e o coração, os dois
sentem que perdem, e os dois caem ao final. belo
espetáculo.
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