Falar de (Ou Não) de Walter Franco para quem nunca ouviu
talvez seja uma missão quase impossível, tamanha a genialidade dessa obra. Tenho
dito de uns anos pra cá que os grandes álbuns da música pop em geral, no futuro
serão estudados nos compêndios e enciclopédias assim como estudamos hoje as
partituras de Beethoven e as
pinturas de Van Gogh ou Picasso. Walter Franco é um artista sui generis dentro da MPB, disso não
tenham dúvidas. Filho de um político, ele preferiu seguir a carreira de
artista, músico. Mas vejam bem não é um músico da música popular brasileira do
qual a maioria esta acostumada a ver, Walter Franco é um artista ousado,
visceral ou diria até mais, um iconoclasta como poucos nesse pais.
Walter Franco já tinha
participado de alguns festivais da virada dos anos sessenta para os setenta. E em
1973 com produção rebuscada do produtor dos Tropicalistas o maestro Rogério Duprat, ele lança (Ou Não) em
meio a uma ditadura ridícula onde a náusea artística era altamente prejudicial
ao poder estabelecido. O disco é um dos poucos registros na história da música
mundial tendo como pano de fundo a estética do concretismo, seja nas letras ou
até nos silêncios, vazios sonoros, arranjos inspiradíssimos. E por conta da
citação ao concretismo chamou a atenção dos poetas concretos de São Paulo, com
boas criticas e desdém na mesma medida, o primeiro álbum de Walter Franco até hoje
para alguns é difícil de engolir. Caetano Veloso em seu livro (Verdade
Tropical)
disse que esse álbum é bem melhor que o seu Araçá Azul lançado com
pretensões parecidas. Como disse no inicio do texto tentei fazer a missão quase
impossível de descrever essa obra prima da nossa música, mas devo dizer-lhes
que só ouvindo e tirando suas próprias conclusões terão a ideia do que eu tentei
falar.
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