A arte disseca a morte após
cada amanhecer a arte arde e na sombra da dúvida entre dois caminhos duvidosos,
prosseguir? Ou reclinar ao passado de tão bom? Incomoda hoje os fatos
presentes, retirando com veracidade seu brio. A memória rasga os pensamentos
oriundos de um sentimento antigo, a memória hoje parece inimiga de um caminho
distinto, como se faltasse algo, como se temer o novo. É uma estrada nova que
se percorre sem mapas, e o acaso parece cartas de sorte e revéis a cada volta
de banco imobiliário.
Viver de fato é preciso, é
perigoso, mas a estabilidade dos passos tornaria a vida mais completa, mais pra
frente, sem dúvidas, sem preguiças de descobrir um novo recomeço. Recomeçar, só
a palavra lembra o melancólico, obter a astúcia de reviver momentos diferentes
com pessoas diferentes, um mundo pra desbravar, se enfiar e tornar-se soberano.
É guardar toda a vida
perfeita em uma caixa, um relicário propício à poeira, uma aliança por
enferrujar e uma foto que daqui alguns meses desbotará e restará somente um
papel firme, opaco e com alguns borrões, sem vida, sem memória. Quem sabe
remexendo daqui alguns anos as respostas pulem nos olhos já mais enrugados,
porém ainda baixos e cansados, trêmulos! Sucumbido em uma história por
terminar.
Recorrendo à música, haja a
música, se estraga a cada cantarolar, uma música de um momento íntimo, bela
música!!! Hoje se estraga, pois é espinho e arde a cada relembrar de carícias e
juras, em todos os arrependimentos dos beijos sinceros não roubados, a cada
cheiro não retirado, a cada momento perdido por displicência e falha.
É inacreditável a mutação
dos momentos, do jeito dos cotidianos segregarem em uma só linha, como uma
mudança abrupta de ambiente, ontem o Sol da primavera, hoje brisas quentes do
verão. Se for quente aquece, mas a sensação da fragilidade faz sentir no fogo
do inferno onde tudo e todos conspiram contra a tal novidade.
E assim segue a vida, nas
novidades passadas a limpo, do passado por analisar, aprender com os erros do
novo, anotando objetivos em um papel esquecido, como uma letra por terminar,
como uma boa garrafa de vinho raro e velha abandonado na geladeira, o
arrependimento existe, mas agora não passará de vinagre.
Um comentário:
não sei por que jorge mais sempre tenho a sensação de um espelho quebrado quando leio teus textos e uma vontade de colar os pedaços......num sei ao certo....
diego.
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