segunda-feira, agosto 15

Despedida aos 18

- Queria te dizer uma coisa?
Dei uma inflexão séria pra que tivesse um maior efeito.
Mas estava com um cara de desapontado de fala insegura de desconcertado mexendo e coçando os cabelos absurdamente. Ela, sem dúvidas, deduziu o que eu ia falar com minha expressão de iminente desastre.  Me olhava com um cara de cachorro tomando banho.
Sabe?! Dá um dó que dá uma opressão no peito e um sentimento de compaixão instintivo e repensar em tudo que vai dizer.
Respirei fundo e disse de supetão sustentando o olhar. Era importante sustentar. O mento levantado. Deveras importante sustentar o olhar. Me fingir de forte pra dizer palavras dolorosas. O ser humano é um teatro:
- Não podemos continuar mais juntos.
- Mas estou apaixonado por você. – ela não mentia. O desespero não mente.
Paixão. Paixão é o que move as pessoas?
- Dorme comigo pelo menos uma ultima noite.
Sexo. Sexo é que move as pessoas?
- Certo. – E não a adverti sobre nada.
Dormi com ela. Fiz amor (mentira). Transei com ela. Nos despedimos na cama.  Não iria perder essa chance de fazer acrobacias na sua cama de casal. Devo acrescentar com cínica poesia que sua pele cabelos pernas lábios rosas menores e maiores era flores doces sem espinhos.
Sou um oportunista filha da puta?
Não!
sou piedoso?
Não.
Sou apenas um jovem desencontrado?
Também não. Droga!
Deus vai me salvar pelas minhas boas ações?
Se pelo menos acreditasse nele.
Ah... Ela tinha mais de uma década na minha frente. Ela gostava do meu charme. Dos meus músculos. Do meu órgão na linha do equador protuso. Vinha de um casamento belo e romântico e depois a decadência do Império Romano e o retorno à religião. No inicio transas em piscinas e  depois de alguns anos ejaculações precoces. Foi pra religião protestante salvar o casamento. Mas deus deu palpite em vão. Uma mulher divorciada e vazia. Novidade?
- O que ela queria comigo?
Talvez encontrasse em mim uma juventude perdida.
Um riso de felicidade eterna.
Uma música.
Um filme.
Tiramos um foto juntos e um sorriso. Fomos felizes, não para sempre.

4 comentários:

Anônimo disse...

Por favor, não confudam realidade com ficção.

diego

Anônimo disse...

Tenho q descordar de vc, meu amado,realidade e ficção estão lado a lado ou melhor andam de mãos dadas.Delimitar o q é real e o q é ficção é um exercicio para o tolos pq a realidade é criada a partir da ficção e vice - versa. Mesmo q vc crie algo e denomine este algo como ficção certamente vc se inspirou em alguma realidade. Talita

Anônimo disse...

esse texto foi contigo?

Anônimo disse...

Pode ser comigo, com vc ou qualquer pessoa q conseguir se identificar. Isso é apenas um ponto de vista. Talita