Nelson Falcão Rodrigues, mais conhecido como Nelson Rodrigues que viveu toda a sua vida no Rio de Janeiro, apesar de ter sido natural de Recife, foi um dos grandes dramaturgos e intelectuais do Brasil no séc. XX e também um dos mais polêmicos devido as suas concepções políticas e ideológicas foi bastante hostilizado por vários segmentos da sociedade.
É fato que o Nelson Rodrigues apoio o governo dos militares desde o golpe de 1964, fato que o mesmo era anti-comunista e é dele a célebre frase:
“Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.”
Mas alguém discorda dessa frase? Apesar do seu posicionamento político e ideológico, o Nelson é muito deturpado por vários segmentos da sociedade, pelos comunistas, socialistas, feministas e outras vertentes de movimentos. A esquerda brasileira até hoje odeia o Nelson Rodrigues, as feministas também o odeiam. A academia também odeia e deturpa, principalmente pela esquerda em razão dos seus posicionamentos.
Mas o Nelson Rodrigues foram poucos intelectuais que teve a coragem de afirmar em suas frases e dramaturgias o perfil do povo brasileiro, enquanto o Gilberto Freyre na sua obra “Casa Grande & Senzala” retrata o processo de miscigenação e relação do senhor “casa grande” e escravos “senzala” afirmando que todo o brasileiro é mestiço, quebrando a concepção europeizante imposta pelas elites e precursor da idéia da “democracia racial”.
Nelson Rodrigues afirma que o povo é promiscuo e pervertido, rompendo o conceito de família imposto pela sociedade machista (a que sempre foi acusado), conservadora, patriarcal, paternalista e cristã. A família que o dramaturgo retrata, é da alta sociedade, retratando através das suas dramaturgias o que realmente ocorre dentro do ambiente familiar requintado, ao contrário de famílias pobres que são marcados por falta de estrutura social, cultural e econômico, abri as cortinas mostrando a podridão das famílias estruturadas, como o adultério, incesto, bi ou poligamia, mães solteiras, violência doméstica e outras práticas repugnantes pela sociedade conservadora que sempre foi direcionada a famílias pobres.
Respaldando a memorável frase:
“Não existe família sem adúltera.”
“A adultera é a mais pura porque está salva do desejo que apodrecia nela.”
“Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.”
“Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro.”
“Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais.”
“Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.”
“O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos.”
A mulher é o centro desse contexto colocado pelo Nelson Rodrigues, é daí que o autor é visto como machista pelas femininas, se é ou não, pode ter sido devido ao fato de viver no seu tempo, em que as mulheres eram tinham papel secundário sociedade e sempre submissa ao homem. Mas há certa má interpretação do que o autor expõe, porque antes de tudo a mulher é o ser humano como homem que tem vontades, desejos, fetiches, perfeições e defeitos como o homem também.
É dele a frase memorável:
“A mulher ideal é dama na mesa e puta na cama”
Alguém discorda dessa frase? Num mundo moderno como os dias atuais, a relação conjugal prevalece dentro da intimidade, seja por parte do homem ou da mulher.
E que predomina são as relações de interesses que está além do romantismo, em que a mulher se modernizou e muito dos últimos anos, que vemos ser comum elas trabalharem fora de casa, serem independentes, casarem-se tarde após ter estabilidade financeira, ter filhos tarde com estabilidade e muitas das vezes sem fazer questão de ter a presença do pai e sendo mães solteiras por opção, relações casuais e sem nenhum compromisso.
Em que os valores sentimentais estão cada vez mais ignorados, prevalecendo o egocentrismo e o individualismo, típico numa sociedade capitalista vigente. O Nelson Rodrigues mesmo sendo anti-comunista, retratou muito da dramaturgia que hoje se reflete muito do nosso cotidiano, principalmente na relação conjugal entre o homem e a mulher. Quem nunca leu ou já ouviu falar daquele livro “Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?” de Allan e Barbara Pease. Mostrando a diferença do homem e da mulher. O Nelson Rodrigues já retratava, principalmente da célebre frase:
“Os homens mentiriam menos se as mulheres perguntassem menos.”
Na sociedade capitalista que faz o homem pensar mais em si próprio, desprezando os valores sentimentais, o dramaturgo retratou por muitas vezes as relações de interesses por parte do homem e da mulher. Será que ele era realmente machista? Muitos o denominam de pós-moderno, principalmente no tempo em que viveu com a sociedade extremamente conservadora que o denominava de imoral, indecente, devasso e pervertido. Sendo que muitas de suas dramaturgias foram censuradas pelo Estado Novo (1937-1945) no período de Vargas.
É dele as frases que retratam as relações conjugais e o menosprezo aos valores sentimentais que é bem nítido do nosso cotidiano numa sociedade capitalista, desigual, desumano que prevalece o “Eu”, ou seja, o ego e o individualismo.
“Qual quer amor há de sofrer uma perseguição assassina. Somos impotentes do sentimento e não perdoamos o amor alheio. Por isso, não deixe ninguém saber que você ama.”
“O amoroso é sincero até quando mente.”
“Amar é ser fiel a quem nos trai.”
“O dinheiro compra até o amor verdadeiro.”
Alguém discorda dessas frases num mundo em que vivemos hoje, que são desprezados todos os valores sentimentais?
Nelson Rodrigues precisa ser reinterpretado através de suas obras, romper certos conceitos que se tem sobre o mesmo, que o mundo acadêmico, feministas, partidos de esquerda e a sociedade em geral fizeram deturpar a sua imagem devido as suas concepções, mas de forma errônea.
*Bacharel em História pela Universidade Federal do Maranhão
4 comentários:
Nelson Rodrigues foi um machista execrável. E não se trata de uma questão de contexto ou de interpretação. Ele afirmou que mulher nenhuma tem inteligência, e que todas as mulheres normais gostam de apanhar. Não há muita margem para interpretação quando se faz afirmações tão categóricas e repetidas.
Mas você deve meu nobre levar em conta o período que ele viveu e não descordo de você não ao afirmar que ele disse "que todos as mulheres gostam de apanhar".
Agora essa afirmação que ele teria dito que "mulher nenhuma tem inteligência", disso eu não sei. E gostaria que você me mostrasse a fonte.
Ele não viveu no século XV, William.
Não podemos ignorar o contexto que o homem vive, o lugar social, o tempo que vive e o espaço em que ocupa influem nos discursos.
Ninguém faz declarações ao vento e do nada.
Postar um comentário