Diego Pires
No
Stress, baby! Os
tempos de vacas gordas voltaram. A vaca não era tão gorda, mas era banco de
couro, injeção eletrônica e direção hidráulica. Soube pela TV que os agentes do
DEIC estavam em greve por atraso de salário. O que fez relaxar meu esfíncter
anal e deu espaço pra agir. Agora podia roubar sem achar que um flanelinha em
um posto de gasolina era um agente disfarçado ou se não instalaram uma escuta
dentro da orelha do vira-lata lá de
casa.
O roubo foi fácil. Foi na
verdade uma vacilada. Alguém esqueceu um
Ômega com a porta meio aberta no estacionamento do consultório do gastro onde fui consultar da cirrose. Abri, entrei, ligação e vazei pela BR135 –
BR010 e depois de 8 hrs tava em Imperatriz de frente com meu intermediador
negociando aquele carrão anos 90 de playboy escutando A-HA. Voltei de avião e fui passear na praia com minha esposa e os
meninos. Eu precisava de sol, mar e areia. Tava mais branco que o Drácula. Tirar a coira. Dá um mergulho
profundo e não pensar em nada. E nada de cerveja e voltar a tomar os remédios
pra cirrose que o medico receitou. E um sorvete de coco e maracujá pros meninos
e um biquíni novo pra minha esposa que, por sinal, fazia tempo que eu não dava uma. Ia fazer isso quando voltássemos
pra casa. Que lindo, não?
Mas não tão lindo. Na hora
da volta no calçadão da Litorânea fomos vítimas de um assalto. Dois homens numa
moto. Apareceram como uma blitz. Do
nada. Gritando: - Passa tudo! A cagada dos caras eu que eu conhecia eles. Era a
porra duns traficantes lá do meu bairro. Tinha até bebido outro dia com eles e
tive que pagar a conta com uma foda
com a dona do bar. Assaltando de faca ainda os pilantras. Um puta 157 nervoso.
Eles pediram desculpa. Eu disse pra eles tomarem cuidado. Imagine se eu
estivesse armado? Mataria eles sem pensar. Mas, no outro dia, matei.
Fui à casa de cada um. Com
minha pistola e botei os dois dentro do meu carro. Levei pra um terreno baldio,
onde o povo joga lixo. Um disse que tinha virado evangélico e era pra eu
perdoá-lo. Mandei ele abrir a bíblia que ele insistiu em trazer e ler algum
versículo. O desgraçado não sabia ler. Meus deus! Bala no meio da testa. O
outro já mijava pelas calças. Bala no culhão por ser medroso e pau no cú em
assaltar pessoas num domingo de volta a praia. Mandei ele falar alguma coisa se
tivesse a fim.
- Eu to namorando!
- Quem?
- CARLINHA!
- Carlinha... Aquela morena
gostosa da pensão do Mathias?
- É.
- Caralho! Tu é um cara de
sorte rapaz. Mulher bonita. Que quer fale algo pra ela?
- É...
Sentir inveja e pena. Mas não
podia deixá-lo mais vivo. Ia dá merda. Bala.
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