Final
A
capital maranhense é rica culturalmente e com os seus artistas variados, mas
infelizmente a maioria deles não tem apoio do poder público, seja municipal
e/ou estadual. Hoje o tambor de crioula é patrimônio imaterial, ou seja,
patrimônio nacional, quem é 2008 foi tombado pelo Ministério da Cultura e IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O
mesmo ocorreu com o bumba-meu-boi em 2011, tornando-se patrimônio nacional, titulo
dado pelos mesmos órgãos da União a tambor de crioula. Mas, contudo, as
manifestações não são devidamente valorizadas, e lamentavelmente as pessoas
ligadas a essas manifestações estão atrelados a classe política, seja municipal
e/ou estadual.
Um
dos grandes cantadores boi, o Coxinho, morreu na extrema pobreza e miséria,
pedia esmola na rua Grande e ainda hoje de forma lamentável é desconhecido
pelos maranhenses, e isso não é um fato isolado, existem muitos artistas com o
talento impar que não são reconhecidos.
O
caso do Coxinho, o mesmo infelizmente não produziu nenhum disco, mas há
hipóteses que muitas de suas musicas interpretada por outros cantores e
cantadores de boi tenham sido plagiados, negando a sua autoria, e faz grande
sucesso em eventos juninos.
E ressaltar
que o tambor de crioula e bumba-meu-boi durante séculos foram caso de policia,
sendo fortemente reprimido pelo estado por ser uma manifestação de negros
escravos, ex-escravos, alforriados, mestiços, pobres e livres, no qual a elite
o via como perversão.
E
hoje a mesma elite que reprimia aceita essas manifestações, mas para isso, as
brincadeiras de cultura popular tiveram que se adaptar de acordo aos interesses
da classe dominante, a começar que hoje grande parte é realizada em eventos
patrocinado pelos governos municipal e/ou estadual.
Uma
coisa que eu sempre falo aos meus amigos em rodas de conversa, o Maranhão tem
bons artistas, mas infelizmente deverão ir embora do estado por falta de
perspectivas e oportunidades, muitos artistas locais dependem do apoio e
patrocínio do governo estadual e municipal, o que acaba criando um vínculo
politico.
Fazendo
os artistas ficarem impedidos de fazer qualquer colocação politica e
ideológica, pois os eventos culturais são quase sempre financiados pelo poder
publico, sem haver alternativa de apoio. A classe politica tira proveito disso
pra obter apoio e futuramente adquirir os votos da classe artística.
Não
é a toa que vemos grupos de boi ser patrocinados e ter os padrinhos da classe
politica, o grupo Sarney é o grande exemplo, quem nunca viu no busto da
indumentária (o boi) ter a imagem do José Sarney e/ou Roseana Sarney ?
Cantadores de boi compor canções em homenagem a eles?
É
assim que funciona a nossa cultura, a serviço da classe politica, e nós o
publico que aprecia temos que aceitar/aturar essa triste realidade. E para
fugir dessa triste realidade, nós vemos vários artistas fazer sucesso fora do
estado e que não é conhecido pelo nosso público.
Foi
assim com a Alcione, Zeca Baleiro, Rita (Ribeiro) Benneditto, Joãosinho Trinta,
Tribo de Jah e muitos outros, ganharam fama e reconhecimento fora do estado,
retornaram ao Maranhão com as suas carreiras consolidadas, mas eram
desconhecidos do público maranhense.
Quantos
maranhenses estão no Brasil e mundo afora fazendo carreira, seja na arte, no
esporte, na academia, nas universidades e no profissional? Infelizmente o nosso
estado não nos traz grandes perspectivas, onde até os empregos são em grande
parte nas repartições públicas.
A
iniciativa privada praticamente se resume aos comércios, as indústrias em
grande parte são de pequeno e médio porte, as grandes são controladas pela Vale
e ALUMAR, mas devido a falta de mão de obra qualificada, os empregos são quase
sempre ocupado por pessoas de fora, restando apenas aos trabalhos de menos
qualificação para os maranhenses.
É
esta realidade da nossa cidade e do nosso estado, mediante a isso, não temos
muito de fato o que comemorar dos 400 anos de São Luís, e sim refletir o que
queremos pra nossa cidade e para as futuras gerações daqui a 400 anos.
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