Depois de quase uma
noite inteira de bebedeira, ao voltarem pra casa, um grupo de rapazes vê um
vulto se esconder dentro de uma pequena banca abandonada. Logo correm até
o local pra tentar ver o que tinha entrado lá. Espiaram e não dava pra ver nada,
pois estava escuro lá dentro. Pelo tamanho reduzido da pequena banca (mal
caberia uma pessoa) eles especularam sobre o que era aquilo.
Apostaram então sobre que bicho tinha
entrado ali. Um dos rapazes falou que era um cachorro, outro disse que era um
gato, outro ainda, pensou que era um porco, depois de todos darem seus palpites
começaram a fazer barulho pra tentar fazer o bicho sair, mas não tiveram êxito,
ele continuava lá dentro. Tiveram então a idéia de tentar expulsá-lo com água,
então, jogaram no interior da banca todo o resto da cerveja que ainda tinham,
molhando a banca, mas o bicho insistia em não sair. Jogaram pedras dentro,
balançaram, bateram e nada. O bicho cada vez mais se encolhia dentro do seu
refúgio improvisado. Alguém teve a ideia de tentar puxá-lo de lá, mas acharam
melhor não botar a mão dentro, pois não sabiam que bicho era aquele e ele
poderia mordê-los.
Então um dos rapazes pegou um pedaço
de pau e começaram a enfiar com força pela pequena portinhola, várias vezes,
até que sentiu topar em algo lá dentro e ouviram um gemido abafado. Certo de
que tinha acertado o animal, repetiram várias vezes, até que viram manchas de
sangue, mas o bicho se encolhia mais e mais dentro da banca.
Cansados e desapontados, os rapazes
resolvem ir embora e deixar aquilo pra lá, mas um deles não desiste e insiste
em ficar. Depois que o resto do grupo saiu. Pegou uma pedra bem grande e subiu
em uma árvore próxima à banca, calculou que mais cedo ou mais tarde aquele
bicho ia sair dali e quando ele saísse, lá de cima, o acertaria com a pedra.
O dia já começava a
raiar quando ele ouviu um barulho vindo de dentro da banca, algo começava a
sair de lá, ele aprumou-se na árvore e preparou pra jogar a pedra, mas de
repente algo o fez paralisar, ele fica parado, ali, olhando. O que sai de
dentro, põe a cabeça pra fora, furtivamente, como um pequeno rato ao sair da
toca, olha para os lados a procura dos seus agressores, como não vê ninguém,
abandona seu refúgio e sai mancando pela rua.
Em cima da árvore o
rapaz com um peso dentro do peito muito maior que a pedra que segurava nas
mãos, vê o que se escondia na banca, ele saía com a perna ferida, mancando,
envolto em trapos sujos, corpo esquelético e curvado, cabelos e barbas
crescidas, olhar vazio... Aquilo que estava lá dentro não era um bicho... Era
um homem.
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