No final dos anos oitenta e inicio dos anos noventa, vários
grupos de jovens de diversos bairros de São Luís, levados por uma profunda
falta de perspectiva na vida e ajudados também pela ausência de politicas
públicas direcionadas a juventude Maranhense, formaram gangues que demarcavam
seus territórios, ou “áreas” como eles costumavam chamar. Entendam-se esses
nomes como sendo os bairros onde essas gangues eram formadas. Dessa época a
gangue que ficou mais conhecida em São Luís se chamava (Gangue da bota preta), essa gangue era formada basicamente por
rapazes que tinham entre 16 e 23 anos, todos na sua maioria de famílias humildes.
A gangue era proveniente dos bairros da Ivar
Saldanha, João Paulo e Alemanha, esse
último onde residia a maioria dos seus integrantes. Esses rapazes ficaram
conhecidos pelo nome de Gangue da bota
preta, pelo motivo de usarem coturnos e botas pretas, as mesmas usadas por
militares e policiais. Esse detalhe identificava-os nos embates com outras
gangues de outras “áreas”. Outra característica marcante sobre a existência da
gangue, era uma informação que corria entre as pessoas que temiam eles e também
gangues rivais, de que para ser aceito na gangue, o candidato a membro tinha
que apresentar “bicos de seios” de garotas, somente assim depois de confirmada
a certeza do ato cruel, o candidato seria aceito. Segundo a policia a gangue
teve cerca de quatro anos de existência, toda a onda de vandalismo e crimes
teria durado até o ano de 1994. Atualmente diversos integrantes evitam falar do
passado negro, dentre eles alguns já possuem família, estão trabalhando e dois
cumprem pena em presídios de São Luís.
“Arrastão da Bota Preta”, Factoide inventado pela família Sarney.
Manchete do Jornal Pequeno.
Em 17 de Novembro de 1992, uma terça feira, São Luís ficou
aterrorizada durante quase o dia inteiro, pela informação de que integrantes da
Gangue da bota preta estariam realizando arrastões em vários bairros da cidade.
Todo o contingente de policiais da Ilha foi deslocado para esses bairros, as
rádios informavam que segundo informação da policia, era mais seguro as pessoas
evitarem sair de casa. Diversas escolas foram trancadas com alunos impedidos de
saírem, o pânico era geral em toda a cidade. No dia seguinte uma manchete do
Jornal Pequeno dizia: “ARRASTÃO DE ONTEM SERIA PLANO DA FAMILIA SARNEY DE LEVAR
JOÃO ALBERTO A SECRETÁRIA DE SEGURANÇA PÚBLICA”. Segundo o jornal, o secretário
Jorge Murad Maluf havia sido afastado pelo motivo de ter sido indicado a
desembargador. O secretário interino Leofredo Ramos ainda não havia sido efetivado
no cargo, nesse período o senador João Alberto estava sem cargo, por motivo de
sua derrota nas urnas para Conceição Andrade. Porém o suposto factoide não deu
certo e logo em seguida Leofredo Ramos foi efetivado como secretário de
segurança pública.
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