Fonte: Rede Esgoto de Televisão.
Em tempos de eleição e de aniversário de 400 anos de São Luís,
é bem fácil ouvirmos de todos os lados apontamentos sobre uma possível salvação
de toda degradação que nossa capital vem passando há bastante tempo. Se imaginarmos
que o prefeito e a governadora são autoridades paridas no mesmo ventre
maquiavélico. Quem bem souber não acreditaria em nenhuma das promessas de
campanha de nenhum dos lados, isso me faz lembrar algumas análises proferidas
pelo genial Millôr Fernandes ainda na década de oitenta quando foi perguntado
sobre o que achava do inicio de governo do então presidente e nosso conterrâneo
José Sarney “Governo Sarney, já se começa ver a escuridão no fim do túnel.” E ainda
segundo Millôr o Sarney era o retrato escancarado de uma espécie de fisiologismo
especifico do Nordeste Brasileiro, onde a população acredita piamente que se o candidato
conseguiu chegar a um cargo executivo seja ele de qualquer esfera, por esse
motivo ele merece e pode nomear quem bem desejar para quaisquer cargos ainda
sendo essa pessoa de sua família inclusive. Na opinião do Millôr Fernandes o
Sarney era naquela ocasião uma pessoa abúlica, descoberta essa que fez ao
analisar um de seus livros, onde constatou que o atual presidente não conseguia
em seu livro formular uma frase, ou seja, juntar sujeito, verbo e predicado. Em
suma um “usurpador metafisico.” É bem verdade que dos anos oitenta para cá essa
tese só vem se confirmando, com certo requinte de crueldade com a democracia,
por percebermos que em São Luís nos dias atuais é bonito e de certa forma
motivo de status você ter algum parente apadrinhado pela família ou citando
outro exemplo desempenhar um papel de fantasminha de folha de pagamento de
gabinetes políticos. Isso só reforça o voto fisiológico explicitado por Millôr
e antropólogos naquele ano.
Nesses 400 anos o que mais pode nos acalentar é a diversidade
e força da nossa cultura, de uma cultura genuinamente Maranhense construída com
informações europeias por conta de nossos colonizadores e mais ainda daquilo
que veio da mãe África nos navios negreiros. Essa cultura vem se perpetuando
por todo esse tempo, pelo simples fato de ser fruto de indignação desde aqueles
tempos até os dias atuais. O tambor de crioula era uma festa a principio onde
os negros nas senzalas criaram danças aos sons de batuques dos tambores para
reduzir as dores da labuta diária. Hoje sabemos que o tambor de crioula é um
patrimônio imaterial, assim como sabemos que o poder estabelecido pelas elites
partidárias usam e abusam dele servindo de ridícula tática de campanha. Ainda sendo
um termo da Grécia antiga “Panis Et Circense.” cai muito bem em tempos de 400
anos de São Luís.
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