essa estoria real e era meu vizinho na época
Eu tinha 8 anos e era 29 de junho do anos noventa e poucos e por volta do
sol na linha do equador desci pra casa de meu best friend infantil roger
naquela imensa rua 13 mágica e o céu tenho certeza que tava azul e meus olhos
brilhando e bati na porta da casa dele.
- o que foi?
- vamos brincar de Comandos em Ação?
- vamos!
E lá estavamos no jardim da minha casa de dois andares e um
corredor infinito na lateral até o quintal e estavamos querendo fazer um
fogueira e precisamos de alcool e eu fui até Francinete que fazia algo na
cozinha e pedir pra ela:
- quero alcool!
Pegou numa estante alta que meus braços não chegavam, pois só
tinha 1 metro e meio de altura e levei o liquido incendiário e os olhos
brilhando e eu e roger fizemos uma pequena fogueira e o alcool do lado, sem tampa, caiu.
Vermelho e gritos.
Corremos e corremos pelo corredor infinito e passamos pelo quintal
até o tanque e enfiei os braços na água em carne viva.
Meia hora depois 100 pessoas em volta de mim e roger. Meia hora
depois eu e Roger dentro de um carro em alta velocidade a caminho do
socorrão. Meia hora depois mililitros de morfina nas veias e 30 segundos depois totalmente
relaxado.
1 semana depois e outras semanas depois óxido nitroso no nariz e dormia e curativos no centro cirurgico e abria os olhos aos poucos e tudo branco com a doce voz de uma enfermeira:
- Você está com enjôo?
- Um pouco.
- Vai passar.
- Obrigado.
3 meses depois uma cicatriz no braço.
Agora eu e roger eramos Faisca e Fumaça.
Quantas vezes não tive que responder:
- O que é isso no seu braço?
Cansado de contar a mesma estoria. Comecei a inventar outras.
Estava num set de filmagens do filme do rambo quando me queimei numa explosão de uma bomba.
Estava num set de filmagem do corvo e ainda vi o lee morrendo com uma falsa
bala de festim. Me transformaram num contador de estórias porque ja tava
cansado da mesma estoria.
- Tive minha primeira overdose aos 8 anos. - Dessa eu contei pra um estudante de medicina italiano que me levou a serio, porque meio que é verdade.
E repeti mais vezes essa estória pra outros.
Dae um dia uma mina do curso de História no B6 na UFMA me disse:
- Sua cicatriz é sexy!
Ja tinha até esquecido dela no meu braço, era como meu dedo
mindinho, não lembro dele todo dia. E depois dessa até passei a usar mais
camisetas... de Braço de Cobra na adolescência passei para um Cicatriz Sexy na
universidade. Os tempos mudaram ou era só a diamba na cabeça da mina ou mesmo a
desconstrução de um conceito ou tudo isso junto.
Sorri.
E hoje quando me mandam fazer uma tatoo eu digo que ja tenho super
original e única no mundo.
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