Quando a música toca e no piscar calmo dos olhos, se abre o tempo contemplando o espaço, aguardando o escorrer das lágrimas. O pensamento sucumbido em álcool e desprezo tenta acelerar o tempo... O tempo... Para que assim quem sabe só mais uma vez... O sabor dos lábios.
A ideia fixa frisa um passado bom, mas de fim turbulento, abrupto, ríspido. Todo aquele sentimento sumindo como sal em água fervente. Parece até que nunca existiu, tendo só a sombra da perda. Um ar por respirar, um cheiro por sentir.
Mas tudo na vida se vai quando se torna costume. O amor já não é mais amor, não existe o ato de fazer a corte, de ser cordial. Não! Pessoas passam na sua vida e te faz sangrar apenas por conveniência. Te faz sentir responsáveis por elas, te faz achar que o vínculo é vitalício e quando você abraça a ideia simplesmente não existe mais o sentimento. Então colocam culpa no “desamor” que surgiu de repente, não! Nunca foi de repente ele sempre existiu sempre dormiu com vocês, como um cachorro vigiando a cama e todos os dias pergunta pra pessoa favorecida do fim quando ele existirá.
E se persistem a continuar é por medo de ficar só. Não se iluda! Elas têm medo, mas não existe pena de te fazer sangrar. Porque estão bem, porque você não serve mais, não se trata de evolução, não é falta de amadurecimento de sua parte, é porque simplesmente não existe mais conveniência.
Mas você com vontade de exagerar a dor pensa no início e sorri chorando num quarto escuro com travesseiro gelado, com aquele calor no coração, mas de corpo frio. E você alimenta a dor, sem nem ter nem pra quê, rever fotos, cartas, tenta ligar, é inconveniente, se torna inconveniente, fazendo aquele joguinho de deixar quieto contra a sua vontade lutando com seus escrúpulos contra seus princípios... Já esquecidos.
Como estão esquecidos, você pega o telefone e liga, num desejo oculto de resolver tudo. E no desejo secundário de simplesmente ouvir a voz que tanto lhe fazia bem. E do outro lado da linha? A indiferença. Você chega a não reconhecer a pessoa que conviveu em sua vida há tanto tempo. Às vezes dá vontade de perguntar se ela mesmo que tá falando ou se é outro alguém lhe pregando uma peça.
Você se sente um vendedor de revistas, um atendente de telemarketing qualquer que incomoda águem que lhe foi tão cúmplice, tão presente. Tudo aquilo parece mentira, brincadeira, um blefe... O chato é ver que foi, é e vai ser real.
No entanto, a vida deve continuar e você não deve se dá por vencido (a). Cada pessoa dessas que passam pela sua vida, deve simplesmente ser encaradas como gafanhotos, que usufruem de sua lavoura fértil, mas como seu solo é forte e haverá outros verões, existirão boas safras e não serão meros gafanhotos que tirarão o seu brilho e astúcia de expurgar a praga e florir numa manhã de primavera.
Não escute seus amigos, isso é muito clichê. Todos têm uma receita de bolo feito pela vovó na cabeça e vão te repassar tudo aquilo que viveram. A segunda guerra mundial não teve nada a ver com a guerra do Paraguai, mas foi guerra do mesmo jeito. Cada um sabe a dor que carrega nos olhos e não serão conclusões feitas por esses heróis clichês que te farão bem.
“Fique bem” sendo simplesmente você, não mude por ninguém, caso ache isso necessário, pergunte a si mesmo se alguém, algum dia, fez algo parecido... Por você.
2 comentários:
Ótimo texto!
Ai Jorge, gostei vamo que vamo cara!!
Natan Castro.
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