Foi um dia comum como qualquer outro, as mesmas praças, mesmas
pessoas e o mesmo clima de sempre. Nada era tão novo que desrespeito ao ingênuo
semblante da cidade de São Luis. Confesso que ganhei o hábito de beber, mas não
beber por beber, cada gole de álcool tem o seu devido pensar filosófico, um olhar
de mudança, como um jovem pobre; cheio de sonhos preciosos que se mantém vivo as
recordações da infância.
Repetem as más línguas que no inicio do mundo havia um olho
azul mergulhado no fundo do mar, olho este pertencente a uma alma feminina
entrepostas entre as falanges dos corais marítimos, e o homem que o encontrar
torna-se valente de todos os homens, verdade ou mentira, tenham certeza amados
leitores o medo fora quebrado e a imortalidade está a um passo, entretanto essa
singela narrativa não nos convém falarmos, ponha atenção nos fantasiosos ditos transcritos
para o papel. Grande conquista soa a voz da verdade. Medo e suas letras formam
mais uma vez o duelo de existência, cavalga a noite e meu passo continua lento,
mas uma vez em busca do inevitável, da a sensações que foram só sensações, nunca
antes o álcool me dera tanto prazer, nunca antes sentir prazer onde não há
prazer, em busca de prazer minha boca se traduz. Como podem ver, estou à
inércia desta existência, meu tempo torna-se cada vez ainda mais atemporal. Corram
para as salas, liguem as TVs, mandem recados..., voltei! E sofro por não
sofrer. Minha voz escapa... , preciso fugir onde me encontrem, sou mal, frio...,
amo as novelas e os programas com prostitutas..., que se foda! Essa é a minha
vez..., descarregar palavras sem pensar nas suas ações e seus tormentos..., em
meio às flores surge Maria, mulher doce, de nariz fino, sempre tive certeza que
mulheres de nariz fino tinham bom sexo, olhar castanho puxado para o azul! Quem
é está? De onde vem?
- Italiana, ela disse...
Estava desde as sete da noite aprofundando meus pensamentos
com um amigo escritor, entre cervejas e cigarros exorcizávamos nossos demônios.
Seu nome e bastava, Maria, ela disse, sentou-se a mesa com seu namorado...,
bebíamos e conversávamos... , os olhares entre eu e Maria tornavam-se mais
constantes! As conversas ganhavam forma e cores, nada me parecia tão singular,
o olhar frenético e o dilatar de seus lábios ganhava o enroscar de minhas
pernas, o fato de não tomar uma atitude de imediato é devido ao fato de seu
namorado está ao meu lado direito, o que se diga de passagem não pareciam tão
namorados assim, o sexo entre eles devia ser raridade, continuava eu a
imaginar-la sem roupa com seus lábios beijando meu peito e indo direto ao meu membro
sem timidez, hora ou outra escutava e treinava meu italiano ainda muito fraco. Com
grande esforço de aprendizagem autodidata. Ações simultâneas ocorriam envoltas
da mesa, cervejas e mais cervejas, tomavam a mesa, o olhar de Maria tornava-se
mais intenso sobre o meu, comia-me com os olhos como se fosse uma cadela em
cio, meu corpo gozava de tanto imaginar seu rosto coberto de desejo.
- Parabéns pela apresentação, disse.
- Obrigada, com o português típico de um estrangeiro, meu
amigo escritor e o namorado de Maria logo ganharam amizade; riam de tudo, conversávamos
aos berros, Maria e eu fazíamos amor somente no olhar, o gozo da italiana
parecia vibrante grande de mais para quatro paredes. Excitação, seus dedos
entre o copo me dava, a queria ali mesmo encima daquela mesa, com todos em
volta a nos olhar.
- A sua também foi ótima, ela disse.
- Que bom que gostou, respondi completamente tímido. A
verdade é que eu e Maria já havíamos nos conhecidos, nos apresentamos juntos na
noite anterior em um teatro da cidade infelizmente o tempo não nos deixou nos
aproximar, mas o olhar vele- jante de Maria escorria sobre meu corpo...
A conversa da mesa de bar continuava, sem pressa a noite ia
embora, a vontade de ir para casa havia passado. Preocupava-me somente que
aquelas seriam as derradeiras horas da linda italiana aqui na cidade. O presente
fato que obtive em minhas andanças de vida é que a mulher pode obter o prazer
com um homem sem entregar sua alma para ele, o momento da copula, a eternidade
limitada natural do desejo equivale ao pequeno suicídio, individual e
depressivo. As inertes horas de posições, beijos, carícias e gemidos resumem-se
em apenas três segundos da pré-morte: a respiração pára e o corpo gela;
individual, sozinho e mais nada. Entretanto, o olhar perfurante da ragazza movimentava a atmosfera do
ambiente, os sinais eram visíveis até demais, os lábios finos secavam a cada segundo
que antecipava nosso sexo.
- Tenho que ir não me sinto muito bem, disse meu amigo
escritor.
- O que te passa, disse o namorado de Maria.
- A boemia tem me custado o estomago, e os pulmões pressentem
a minha deixa.
O belo italiano não compreendeu o sentido das palavras que o
escritor disse, mas fez o favor de se fazer-se compreender.
- Melhor ir se não tiver bem, completou Maria.
- Não, já tive noites piores.
- O mundo traz a sina, exclamei.
- A sina traz o mundo, acrescenta o meu amigo escritor.
De certa forma para o poeta a noite é sua amada perfeita, seu
chapéu; o templo de sabedoria, sua sabedoria; seu deslize último e verdadeiro.
O que preenche as lacunas efêmeras da solidão é o perceber da obra que ganhou
vida, perfurar com palavras desejando a imortalidade. Imortalidade que não vale
mais nada nos dias de hoje, levando-se em consideração a realidade pela qual a
sociedade vive uma fábula afirmando-se somente na aparência e no recado
informativo, então de que valeria o surgimento de novos boêmios de nossa era?
Somente por lembrança. E nada mais, em outras palavras o herói está morto e seu
luto profanado. De nada mais vale estas e noites e está embriaguez, o sentido
de tudo isto caminha para o vazio, a menstruação arrependida guardada pela puta
virgem em seu deleite de ética e moral. Fedendo assim caminha o aparente mundo
social destas personagens que atuam em busca do exagero construindo o material
da ilusão religiosa esperando o advento do status. Neste liquidificador ao
fundo do esgoto onde se encontra a reciclável sociedade aparece o inimigo
indesejável, marginal que rapidamente precisa ser expelido.
A gostosa conversa entre nós quatro tornava-se ainda mais
empolgante, risos frenéticos, reflexões profundas e certezas filosóficas. O que
não era tão visível para o meu querido escritor e o belo italiano era que não
percebiam o suspiro selvagem de Maria ao perfurar meus olhos, por mais que as
mulheres sejam previsíveis, esta possuía uma formula peculiar de me controlar e
decifrar meus signos. As cartas estavam lançadas, a decisão era minha de
possuí-la ou de apagar de uma só vez a sua existência da memória. O que me
perturbava era somente como? Ela lia meus pensamentos.
Cochichou por dois segundos ao ouvido de seu namorado, ele
respondeu: Benne. Ela enroscou suas pernas por debaixo da mesa, levantou-se e
direcionou-se para as escadas do bar onde estávamos. Era minha chance, logo
pensei, deixei que a subisse, fiquei alguns segundos entretendo o tempo com
pouca conversa até a coragem suplantar o medo e levar minhas pernas em direção
da bela italiana, subi ao seu encalço sem saber para onde este sentido primata
me levaria não hesitei e fui. Ao termino das escadas não há avistei, estava
errado e sentia-me envergonhado por tanta loucura pensada abrir a porta do
banheiro lavei o rosto e contemplei minha derrota. No entanto uma pancada seca
abriu a porta, Maria surge igual qual um fantasma sedento de vingança, empurra-me
contra a parede e em um só fôlego beija-me, semelhante ao ultimo suspiro de
vida de qualquer mortal, não hesitei, retribuir na mesma medida o forte beijo,
minhas mãos enroscaram em seus cabelos compridos e escorregavam até suas
nádegas. Surpreendentemente para este momento a minha surpresa foi que minha
mão firme em seu quadril não lhe agradou, o meu ato lógico foi respondido com uma
veemente tapa, e os suspiros secaram ficando apenas o diálogo do olhar quente e
faminto da ragazza invadindo o meu, a
comunicação estabeleceu um símbolo pelo qual não interpretei. Sua mão direita
desceu milímetro por milímetro até chegar a minha calça onde estava meu pênis, desabotoo
o zíper ainda com a flecha em meus olhos e segurou com sua mão direita com
tanta força como se quisesse arrancar, ajoelhou-se e colheu os colhoes a boca
com sua língua, frenética e ofegante abusou–me até minha explosão orgástica, minhas
mãos quase que arrancavam seus cabelos, chupou-me como se fosse um mendigo que
encontra o pão. O tempo, não contei, se demorou? Não lembro. Ao final de seu
prazer direcionou-se ao espelho e do bolso de sua calça vermelha tirou um
batom, arrumou seu cabelo e desceu as escadas em direção em nossa mesa. Não
tive outra ação, apenas um pênis vivo, e
coragem de gemer.
Descia as escadas agindo como se nada houvesse acontecido, e
por dentro signos de medo a decifrar. Como me comportar à mesa após uma quase
cópula com a adjuntora de um dos conhecidos a mesa?Ao final das escadas vejo ao
longe com suas mochilas o casal de italianos deixando esta inerte cidade sem
olharem para traz.
-Demorou, disse meu amigo escritor. Respondi com apenas um
sorriso tremulo entre os dentes. Ele continuou:
-A garota beijou seu namorado e deixou este bilhete para
você.
Sentei-me, abrir o bilhete e estava escrito:
“Ora sono bravo ragazzo, vengono a mangiarti”
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