“Oh my dindi...”
Canto mentalmente de olhos semicerrados Tom Jobim made in USA deitado no último degrau da arquibancada com as mãos servindo de travesseiro.
Canto mentalmente de olhos semicerrados Tom Jobim made in USA deitado no último degrau da arquibancada com as mãos servindo de travesseiro.
Éguas! - murmura Fly e fica na sua fingindo falar calmamente com a gente tentando disfarçar qualquer coisa ilícita. Há poucos instantes acabávamos de encher de fumaça os pulmões de carbinóides.
Abro bem os olhos e é a policia em primeira marcha devagarzinho com seu réptil de alumínio que vem parando em nossa direção.
Dois guardas de uniformes cinzas e quepes saem do carro patrulha - o primeiro que desce tem estatura mediana, bíceps e peitoral largos de tanto levantar halteres e supinos retos e flexões de braços. Cabelo raspado. Parece novato. É um soldado li no seu distintivo, além do tipo sanguíneo. O segundo que desce parece vetereno na parada, é alto, negro, bigode e cara feia de sério, dá medo. Tem cara de matar bandido sem piedade. Esse cara de psicopata faz cobertura com um fuzil Magal – me lembrou os filmes policias americanos que via na TV à noite. Mas isso não é Hollywood será um baculejo.
Uma abordagem de rotina, aprendido durante um ano na academia de policia. São adestrados a caçar qualquer forma de desordem a comunidade como bons cães sociais. Somos os suspeitos dos olhos brisados. As ovelhas negras. Que mal fazemos? - “Eu não posso causar mal nenhum/ a não ser a mim mesmo a não ser a mim” – responderia Lobão e Cazuza em meados da década de oitenta. O local é suspeito – ponto de venda de drogas e boca de fumo - Uma arquibancada com vista a um campo de futebol com medidas não oficial que agora não joga ninguém e por isso os três refletores estão desligados. Deixando o ambiente escuro. Além das grandes árvores de mangas, amêndoas e cajus que impedem parte da penetração das luzes das casas, postes e da lua e porventura de faróis de carros atravessando a rua paralela. Com o cimento da arquibancada cheia de folhas verdes, pardas, negras e frutas em decomposição exalando no espaço um cheiro meio doce azedo misturado com urina dos mixãos e fezes de noiados que cagam quando em pânico perdendo o esfíncter anal.
Uma abordagem de rotina, aprendido durante um ano na academia de policia. São adestrados a caçar qualquer forma de desordem a comunidade como bons cães sociais. Somos os suspeitos dos olhos brisados. As ovelhas negras. Que mal fazemos? - “Eu não posso causar mal nenhum/ a não ser a mim mesmo a não ser a mim” – responderia Lobão e Cazuza em meados da década de oitenta. O local é suspeito – ponto de venda de drogas e boca de fumo - Uma arquibancada com vista a um campo de futebol com medidas não oficial que agora não joga ninguém e por isso os três refletores estão desligados. Deixando o ambiente escuro. Além das grandes árvores de mangas, amêndoas e cajus que impedem parte da penetração das luzes das casas, postes e da lua e porventura de faróis de carros atravessando a rua paralela. Com o cimento da arquibancada cheia de folhas verdes, pardas, negras e frutas em decomposição exalando no espaço um cheiro meio doce azedo misturado com urina dos mixãos e fezes de noiados que cagam quando em pânico perdendo o esfíncter anal.
Um morador dali perto odiava aquilo tudo e informava as autoridades do bairro. Sem dúvidas, adorou os tempos da ditadura militar e bateu continência para um superior militar quando serviu o exército brasileiro. Quando se dormia cedo e havia poucos bandidos nas ruas e achavam que comunistas comiam criancinhas. Sem dúvidas, ligou também pro disque – polícia naquela noite. Um x-nove, dedo duro, cacueta, pau no cú e se acha um “bom cidadão” que tem certeza que a juventude de hoje esta perdida.
Boa Noite! Vou fazer uma revista de rotina. Levante-se e fiquem um ao lado do outro num espaço de um braço esticado. - Disse o soldado que veio até nós sendo educado e firme. - Fizemos o que pediu. - Levantem os braços agora e afastem as pernas. - Da esquerda pra minha direita inicia a busca por drogas. Cabelo, Peito, barriga, genital, bolsos das bermudas.
Boa Noite! Vou fazer uma revista de rotina. Levante-se e fiquem um ao lado do outro num espaço de um braço esticado. - Disse o soldado que veio até nós sendo educado e firme. - Fizemos o que pediu. - Levantem os braços agora e afastem as pernas. - Da esquerda pra minha direita inicia a busca por drogas. Cabelo, Peito, barriga, genital, bolsos das bermudas.
O que tens aí?
Parou no fedorento do Pequeno Michael. Ele tira uma caixa de fósforos do seu bolso lateral. Abre e só tem palitos. Sorte sua e azar do guarda. E continua. Chega a minha vez. Viro e prendo minha língua no céu da boca pra não rir, mas acabo rindo discretamente. O guarda toca na minha carteira no bolso traseiro da bermuda jeans. Tenho uma bala dentro. Droga(de verdade)! Me vejo indo pra policia prestar depoimento, levar um sermão sobre o uso de entorpecentes, comunicarem meus responsáveis e vexame total com a família. Mas nada disso acontece, o guarda não pede minha carteira. Eu não sou negro, não tenho tatuagens, e minha roupas estão limpas, talvez isso me ajudou. Quase chamo o guarda de preconceituoso e digo que tou com um flagrante.
O baculejo acaba.
O guarda agradece e saem fora no réptil de alumínio.
Sem drogas. Sem crime.
...
Todos rimos daquilo tudo depois.
A lombra até passou com essa interrupção.
A lombra até passou com essa interrupção.
Alguém tem um careta aí? – Alguém entre nós pediu.
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