Antes de decidir entrar na área de Enfermagem; meu mundo era sobre críticas sobre tudo que lia e escutava sobre o caos da saúde no Brasil. Tive a oportunidade de ver de perto a situação de um Hospital Publico na cidade de São Paulo, onde (eu e uma tia) estávamos com um encaminhamento para uma consulta de uma idosa com problemas de depressão que morria no asilo “lar Vicentino” sem os parentes por perto. Minha tia trabalhava no asilo e eu sempre visitava, porque adorava a biblioteca de lá e as historias dos velhinhos. Então tive a certeza que o caos e a falta de organização não era só no Maranhão e também das grandes cidades. Ficamos meses na fila de espera com o encaminhamento na mão.
Eu tinha um sonho de ser uma jornalista que pudesse um dia conquistar seu espaço numa coluna para mostrar sobre o que pensava sobre isso tudo, ou até das minhas qualidades como Figurinista (nossa que imaginação Lícia... rs). Planos que ficaram só na memória, porém não me arrependo da escolha que fiz de entrar em um curso que talvez, esse sim, iria sair do papel e ir mais em frente. Cansada de fazer textos sobre os problemas da Saúde Pública, como se isso fizesse alguma diferença, já que o que eu escrevia não saia das minhas mãos - eram meus pensamentos diários... Nada mais.
A idéia de renovar esse pensamento veio da minha mãe que lendo, uma vez, as coisas que escrevia, falou: - Porque não entrar no meio e fazer sua parte? Não nego que já tinha pensado, porém fiquei naquela, será? Eu sou tão inexperiente, nossa! Será que consigo? Sangue, agulhas, etc.. Mas eu pensei na importância maior; era estar presente com quem precisa de um só sorriso meu em meio daquele caos todo.
De inicio foi tão complicado como todo curso, mas com o tempo fui aprendendo passo a passo as regras, porém isso na minha concepção não deixou de ser só o básico, pois o maior conhecimento estava dentro de mim; eu amo o próximo; eu amo cuidar e está perto e ser útil, pois o que vejo a é falta de Humanização, no meio, em que me encontro.
De um lado me sinto revoltada e por outro me sinto realizada fazendo a minha parte e isso já é muita coisa, pois acredito que em grão em grão tudo pode melhorar. E todos os dias que permaneço naquele Hospital em estágio assistindo de camarote cenas desumanas e absurdas. Vejo o quanto meus problemas são pequenos. Naquele ambiente que tenho certeza e esperança que irá melhorar me serve como uma troca prazerosa obtendo lições pra toda vida e tenho abertura para mostrar todo meu carinho e preocupação com alguém que está "em parte" sobre meus cuidados.
Enfim eu ainda sou uma simples estagiaria acadêmica, mas com um olhar para o futuro com muita dedicação por o que faço e pelo que sei que vou ser ainda; uma Enfermeira diferenciada. E finalizando tudo que desabafei; como algo que possa servir de exemplo e que cale a boca de alguns que não acreditavam que alguém como eu; que curte um som extremo e tem tatuagem possa ter capacidade como qualquer outro. Subestimar alguém é um erro. Um grande erro em qualquer situação. Chega de lugares comuns , estereótipos e outras bobagens.
5 comentários:
agora vc tem uma coluna..rs
diego
Dizia o saudoso e grande intelectual que nos deixou um grande legado.
"E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada..."
Renato Russo, com a música Perfeição do Legião Urbana.
Essa é a realidade dos asilos de todo o Brasil com aqueles que passaram a vida toda trabalhando de forma honesta e não tem uma aposentadoria digna e nem o apoio da família.
o que é som extremo?
Som extremo é um som fora dos padrões sobre o olhar de uma pessoa com senso comum. "Metal".
Vc ainda é uma acadêmica da aerea da saúde que eu espero, minha cara, nuca perder esta sensibilidade que notei neste texto.Parabéns! Cris.
p-s a um problema em que veste aquele jaleco branco...? A Humildade as vezes falta...
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