quando os relâmpagos rasgaram o céu e cuspiram clarões por sobre Pedreiras a cidade já dormia. em poucas horas as águas salivaram os rebocos das casas e subiram pelas ruas e quintais, a lua refletida escorria caminhos de desepero. o pai, vigilante saltou da rede e com a lamparina acordou toda a família. com os olhos silenciosos e sonolentos todos entraram na canoa. um saco com as roupas. quase três panelas e dois bancos de madeira. nada ficava para trás. apenas o fogão de barro, memórias do fogo, certeza de uma nova enchente. a canoa deslizou por sobre o mearim. as crianças se protegiam do vento presas à saia da mãe, enquanto o pai com o cigarro na mão insistia em criar nuvens claras que não trouxessem mais chuvas. isso foi há muito tempo atrás ... no ano de 2015...
Elizeu Cardoso
4 comentários:
rsrsr.Adorei Elizeu teu humor diante das cenas simples do cotidiano. Abraços! Cris.
Nem precisa assinar, teu estilo Elizeu, é muito único. O todo único!
é engraçado como essas enchentes no Maranhão inundam de lirismo a cabeça de poetas...e eu q jurava que o mundo acabava em 2011.
"o todo unico" - babão.
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