P/ o poeta Nauro Machado
Houve um tempo, mas não há muito tempo, que cruzava veloz as ruas do Centro. Sol, Paz, Afogados e Praça João Lisboa no estardalhaço dos pombos brancos, pardos, pretos e no bronze austero do buço de estranhos falecidos notáveis e chegava talvez na beira-mar. As pernas velozes me levavam batendo com outras pernas de estudantes, trabalhadores, mendigos, compradores, vendedores ambulantes e todo inferno de gentes como eu e mais um velho de chapéu de coco vestido com calça de linho - bem atípico para os coloridos das gentes - de barba grisalha e olhos profundos, muitos profundos segurando um guarda-chuva preto, como se a qualquer tempo pudesse abrí-lo pra se proteger do seu céu menstruando deus, mas sem seu simbolismo, era em razão do sol ou da chuva sazonal da ilha. E assim de tanto nos cruzar. Cúmplices. Inclinávamos a cabeça e um modesto aceno. E nos perdíamos novamente naquele inferno de gentes e ruas - Afogados, Sol, Paz e Praça João Lisboa, vendedores ambulantes, mendigos, estudantes, trabalhadores e no estardalhaço dos pombos brancos, pretos, pardos e no busto austero bronze de falecidos notáveis estranhos e talvez chegava na beira-mar de novo.
4 comentários:
bicho sou suspeito, bom pra carvalho!!!!
Quando li seu texto venho em minha mente esses mesmos momentos, pois por vários anos percorri a Rua Grande, presenciado o vai e vem de pessoas e ambulantes, para no fim, ou começo, encontrar Nauro Machado na João Lisboa, precisamente descrito por você. Parabéns.
* venho, leia-se VEIO.
Diego Pires, me senti presa ao ponteiro de um relógio de bolso!!!! Uma viagem maravilhosa!
Alice Nascimento
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