Por Michael Delacroix
Eu espero mesmo que teu vestido
negro e sagaz caia na subida daquele coletivo, aquele coletivo que você toma sempre
que deseja sentir-se devorada pelos olhares dos transeuntes. Uma espécie de
Lady Godiva, Dama do Lotação do trânsito caótico da Ilha de São Luis. Um piscar
de olhos e logo gotas de suor podiam escorrer por tuas pernas, e tendiam a
secar na superfície da tua sandália havaiana decorada com crochê azul nas abas.
Ainda lembro a primeira vez que você deixou que eu tocasse as tuas coxas, belíssimas
coxas, foi a primeira vez que meu olfato pôde sentir que um vulcão mais abaixo
esfumaçava de tesão, teu sexo, tua vulva deixou gravada na minha memória, a
imagem refletida no espelho daquele motel, toda a serventia que uma fêmea pode
causar na alma de um adolescente perdido, nos primeiros anos de vida
sexualmente ativa. Uma ferida cálida que insistiu em ficar em algum lugar da
minha língua, por conta da acidez de teus lábios vaginais. Era tua buceta esse misto
de Vesúvio e praia deserta a noite.
Eu era apenas um garoto,
quando tua mente promiscua resolveu me eleger o próximo para teus planos
maldosos de mulher linda e exageradamente malvada sexualmente falando, tu me escolheste
para ser vitima de quase um delito sexual, usando-me como cobaia eu um típico adolescente
ginasial, adepto da masturbação desmedida três vezes ao dia. Era uma noite
quente de setembro de um ano que nem lembro mais, porque lembrar? Ainda que
tenha sido delicioso gozar entre tuas coxas e sentir o fulgor do teu beijo nos
meus lábios, na minha boca. Tua maldade desde sempre consistia em um objetivo, um
objetivo voltado contra minha secura juvenil. Eu acreditei mesmo que aqueles
gemidos adivinham da penetração que eu naquele momento estava a fazer possivelmente
na tua vagina, mal sabendo eu que somente a quentura apertada que vinha da
parte interna das tuas coxas me fizeram uivar de prazer como um lobo
no cio, um lobo juvenil numa dessas noites perdidas de lua cheia nos montes de
uma cidade capital sul-americana.
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