Ilustração de Tammys
Sempre
tive o hábito (ou mania, chame como quiser) de me observar por longos instantes
no espelho, principalmente antes de entrar no banho. É importante conhecer a si
mesmo: apenas eu e meu reflexo. Corpo e mente.
Mas
eu me pergunto: realmente me conheço?
E
a resposta veio outro dia quando eu fui surpreendido enquanto me observava após
ter cortado o cabelo e, num baque, descobri uma marca fincada em minha testa. Uma
suave lembrança que a catapora me deixou... Durante quantos anos ela esteve lá,
escondida, fazendo parte de mim sem ao menos ser notada?
Nos
meus cálculos, uns dezesseis.
Dezesseis
anos comigo, e eu nem reparei em você... Olhei em sua direção aproximadamente
5.840 vezes, mas não te notei. Ou será que já havia notado antes, mas ainda não
te aceitava como parte de mim? Ou na correria do dia a dia você simplesmente
passou despercebida?
Não
sei se é felicidade, mas é bom ter uma nova velha marca. Talvez, ao me analisar
todos os dias em frente ao espelho, eu estivesse esperando justamente por isso.
Assim devo seguir meus dias: explorando-me, descobrindo-me.
E quantas marcas você possui, mas não
conhece?
Elas podem estar tanto em você como
fora, mas sempre por perto.
Elas podem pegar o ônibus contigo
todos os dias, trabalhar no mesmo local, estudar na sua mesma sala de aula ou
freqüentar o mesmo barzinho.
Você só precisa notá-las.
Um comentário:
Novas velhas marcas para nós todos..todos os dias ou nos dias incertos. Muito bom
Natan Castro.
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