Por Natércia Garrido
“É essa a realidade, não é? Vinte anos depois, a sua beleza já foi para
o lixo, especialmente quando arrancaram fora metade das suas entranhas. O tempo
é cruel, não é? Não é assim que se diz?”
A visita cruel do tempo (Ed. Intrínseca), da autora norte-americana Jennifer Egan, chegou ao
mercado editorial brasileiro em 2012 com sua melhor “carta de recomendação”: a
de ganhador do Prêmio Pulitzer do ano de 2011 por melhor obra de ficção. Para
quem não acompanha intimamente os prêmios literários mundo afora, o Pulitzer é
concedido pela Universidade de Columbia (NY) desde 1917 a trabalhos publicados
nas áreas de jornalismo, literatura e música.
A história gira em torno
da vida de pessoas que transitam no mundo da música – esse é o pano de fundo: a
indústria fonográfica e o rock’n’roll, desde a década de 1970 até os anos
atuais. Mas o que se discute aqui é a metáfora clara da passagem do tempo, principalmente
para essas pessoas que achavam que, por serem jovens, a vida noturna, a
juventude e os efeitos das drogas nunca cessariam; ou melhor, nunca trariam
consequências.
Então,
em um ritmo linguístico alucinante – por isso a leitura flui como o som das
batidas das bandas dos anos 70 e 80 , Egan nos faz acompanhar os vinte anos das
vidas de Bennie Salazar, um executivo egoísta da indústria musical; de sua sexy
assistente Sasha; de Bosco, um guitarrista decadente da explosiva banda
Conduits – grande descoberta de Salazar nos anos 80; de Lou, um produtor
musical viciado em cocaína e em ninfetas; e das pessoas que rodeiam esses
iconoclastas. O que resta afinal...é descobrir como o tempo pode ser cruel e
implacável quando aparece tão de repente.
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